Quando nasci, o meu mundo era dos homens.
Diferente? Não, não era.
Parecia igual. Mas também não era
As mulheres viviam no paralelo.
Na minha cidade. Não tinha vereadora.
No meu país. Nem senadora.
Na politica nada palpitavam.
Eram novas no voto.
Poucas eram votadas.
Quase nada ouvidas. Só na alcova.
Nos esportes eram segregadas.
Por lei, eram proibidas de lutar.
Jogar futebol de salão, não podia.
Futebol de praia! Nem de dia.
Polo? Polo aquático, nem pensar!
Halterofilismo, esporte pra macho.
Beisebol! Era perigo de bola no peito?
Justificavam.
Enquanto o esporte os homens fortalecia.
A feminilidade era atrapalhada.
E o estereótipo ganhava corpo.
O preconceito se alimentava.
O meu mundo mudou.
Não espontaneamente.
A metade que paralelizava, manteve-se na luta.
Teve conquistas. Não sem resistência.
Nos anos 60, a mulher casada teve o seu estatuto.
Não precisava mais de autorização do marido para trabalhar.
1975 foi o ano Internacional da Mulher.
Nos anos 80, o lobby do baton garantiu direitos.
Constituição avançada.
Em 1996, ter candidatas era exigência eleitoral.
A menos de sete anos, veio a Lei Maria da Penha.
Que aumentou o rigor nas punições das agressões.
Em pleno século XXI.
Mas meu mundo virou.
Temos uma mulher na presidência do Brasil.
Nas chefias das grandes instituições.
As que arrimam famílias.
Em menos de sessenta anos, meu mundo é unissex.
E do jeito que as coisas vão, com viés, pró-mulher.
Dá para imaginar o ano de 2070?
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