Olha “nóis” de novo escolhendo presidente, governador, senador e deputados. Ainda bem! Prefiro ver milhões de erros na aprendizagem das nossas escolhas a ver os melhores acertos de uma ditadura.

Como faço habitualmente nas eleições, eis a minha declaração de voto: votarei em Dilma, Padilha e Suplicy. Itapira, como se sabe, é uma cidade antipetista por natureza, sentimento que deve ter recebido reforço extra com o aumento da rejeição ao partido e à Dilma e, provavelmente, pela memória da participação catastrófica dos petistas locais no governo anterior. Acredito, piamente, na vitória de Dilma e Suplicy, porém não será novidade se as minhas três opções receberem uma votação pífia em nossa cidade. Mas eu continuo mantendo um fio de esperança no projeto do PT. Para deputado federal votarei em Silvio Torres, desta vez a opção será para um candidato não paraquedista, nem aventureiro, nem interesseiro quadrienal. É hora de pensar em minha terra, também.

Na eleição deste ano, a minha lista terá o nome de Barros Munhoz pela primeira vez. Felizmente, os votos que neguei a ele, nas eleições passadas, não lhe fizeram falta. Graças a Deus! O efêmero fenômeno novotempista me fez perceber a distância que existe em querer fazer política e o saber fazer política; a diferença em ter um projeto de poder desmilinguido e um projeto político de longo prazo; a assimetria entre o discursar e querer e o fazer e acontecer; o desequilíbrio entre o orgulho pessoal e o interesse coletivo. Confesso, foi muito difícil aceitar que aquela alternância sonhada não passou de um furo n’água. Esta vida é construída por revisões cons­tantes. Só o rejeito – que é o lixo do lixo – nada tem a reciclar.

Em julho de 2010, durante a campanha eleitoral, neste mes­mo espaço, escrevi: “Barros Munhoz não terá o meu voto, pelos nossos caminhos e modos discrepantes. Mas, desta vez, terá a minha torcida. Eu sei – acho que muitos itapirenses também sabem – o quanto é importante tê-lo como deputado, atendendo tantos os gregos como os troianos”. Após a publicação desse texto, recebi uma enxurrada de críticas vinda dos opo­sitores de Munhoz. Gente que me cobrava coerência à minha caminhada ideológica. Gente que não tinha a mínima noção do que estava falando.

O tempo me mostrou que nem sempre tudo o que se fala com todas as pompas e circunstâncias é a essência da verdade. Tenta-se construir a veridicidade repetindo mentiras ou distorcendo fatos. Como os grandes líderes, Munhoz jamais foi poupado desse processo. Resistiu, venceu e aí está! Humildemente, reconheço. Olhando para trás, a nossa cidade acertou em cheio em caminhar ao lado dele. Alguém consegue imaginar o que seria Itapira, com Munhoz inexistente, nesses últimos trinta e oito anos?

Eu conhecia Barros Munhoz de longe. Mais próximo, me surpreendi. Trocamos, de vez em quando, algumas ideias. Ele não me levou ao tucanato, eu não o fiz virar petista, é o respeito mútuo na diversidade de pensamento. Afirmo, no entanto, que tais trocas me fizeram rever conceitos e ter uma melhor compreensão das ações políticas que ele idealizou e realizou. Entre elas, a luta pela ampliação do parque industrial itapirense. Do qual, não tenho dúvida, fez Itapira se livrar do destino que a empurrava para se tornar uma cidade dormitório, com baixíssima arrecadação.

Munhoz não é santo e pelo que sei, ele nunca requereu candidatura a esse posto. Sabe que tem que matar um leão por dia. Sabe que do outro lado, na torcida contrária, tem sempre um monte de gente lutando com línguas, unhas e dentes. Apesar disso, é respeitado no Brasil inteiro e está entre os maiores políticos da atualidade, seja se apresentando com os defeitos antigos, seja mostrando as qualidades atualizadas.

Resumindo. O voto deve ser encarado como uma busca constante por melhores condições de vida para todos. Deve refletir os nossos pensamentos, as nossas práticas cotidianas e a nossa evolução. É pensando assim que depositarei essas fichas na urna, neste domingo: apostando no futuro!