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Itapira, 24 de Abril de 2024
Artigo
23/06/2014 | Nino Marcati: Quando o pronto-socorro não é pronto, nem sempre socorre!

No final do mês de abril deste ano, a Prefeitura de Campinas, pressionada pela população desassistida, lançou um programa chamado “Dr. Plantão” para contratar 100 médicos plantonistas para a rede municipal de Campinas. O prefeito Jonas achava que para atrair os profissionais de medicina bastava pagar mais, ofereceu para uma carga horária de 12 horas, valores diferenciados e atraentes: de segunda à sexta-feira, pagamento de R$ 921,59, para os finais de semana, R$ 1.230,58 e, para os feriados de Natal e Ano-Novo, R$ 1.810,92. Nada mal, não é mesmo? Para um médico que trabalhe 10 dias, folgando o resto do mês, incluindo todos os finais de semana, um contra­cheque de R$ 9.215,90. Alguém diria que se trata deu uma má remuneração para o padrão brasileiro? Para quem não sabe, o CAGED informa que salário médio do brasileiro no primeiro trimestre deste ano ficou em R$ 1.166,84.

Assim que o referido programa foi lançado, o pronto-socorro municipal de Itapira sofreu com a redução de médicos e com o aumento das reclamações. Dizia-se, então, que Campinas, ao oferecer propostas mais atraentes, poderia estar tirando alguns médicos plantonistas de nossa cidade. Pois é, nesta semana, a ausência de médicos nos prontos-socorros pode não ter origem apenas no campo financeiro, mas na preferência ao público a ser atendido. O programa campineiro, apesar de remunerar igual ou até melhor que muitos convênios de saúde, viu 17 médicos serem contratados dos 100 desejados. A mesma situação vem sendo verificada em muitos municípios brasileiros.

É fato, dos problemas do sistema unificado de saúde oferecido aos brasileiros a maioria está concentrada nos prontos-socorros, mais pela falta de médicos do que pela estrutura oferecida. Se há noticias de pessoas atendidas nos corredores dos hospitais por conta do acumulo, há informes de bem montados ambu­latórios em que médicos não se apresentam para trabalhar.

A cada dia me convenço mais. Os problemas relacionados à saúde no Brasil não podem ser atribuídos, exclusivamente, aos governantes. Passa pelo controle profissional de mercado exercido pelas entidades médicas representativas que levou o país a formar menos médicos do que precisa. Passa, pro­vavelmente, pela origem cultural e social dos formandos em medicina que deve criar dificuldades de convivência com as pessoas pobres, principalmente, nas localidades mais distantes ou pela violência.

Seria muito bom se a saúde brasileira dependesse apenas da boa vontade dos governantes. Assim fosse, saberíamos que quando essa boa vontade aparecesse, nossos problemas estariam resolvidos. Entra governo, sai governo, o problema permanece, quando não piora. A saúde virou um saco sem fundos. Por isso volto à tecla. Existem casos que se a sociedade não colocar a mão na massa, nada feito.

Na saúde, devemos atacar, de cabo a rabo: o aumento no número de vagas nas faculdades, a melhoria da condição social do povo brasileiro, a redução da criminalidade, a preocupação com a segurança social, o cuidado com o meio ambiente...

Como se vê, falar mal do governante é tarefa fácil, dá a entender que os problemas podem ser resolvidos num passe de mágica. Está mais do que na hora de atacar os governos e a sociedade na parte que lhes cabe nesse latifúndio.

Fonte: Nino Marcati

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