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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
08/07/2012 | Nino Marcatti: O bom senso adverte: a vingança só prejudica.

 

A presidente Dilma, no mês passado, durante a instalação da Comissão da Verdade fez um dos seus mais emocionados discursos e destacou que é “preciso conhecer a história, para que todos tenham o compromisso a fim de não deixar jamais isso acontecer”. E sabiamente, filosofou: “vingar ou se magoar ou odiar é ficar dependente de quem você quer se vingar, de quem você quer odiar ou magoar e isso não é um bom sentimento para ninguém”. Para Dilma, é preciso "virar a página".
 
Talvez, para muitos, as palavras de Dilma sejam entendidas como vindas de alguém que nunca passou por processos injustos ou ações canibalescas... É provável que alguém possa até ter dito: “se ela tivesse passado o que eu passei, certamente nunca diria uma bobagem dessas.” 
 
Num depoimento de 2001, agora divulgado, a presidente Dilma Rousseff relata detalhes sobre sua prisão aos 22 anos.
Uma das coisas que me aconteceram naquela época é que meu dente começou a cair. Minha arcada girou para o outro lado, me causando problemas até hoje. Me deram soco, e o dente deslocou-se e apodreceu. Tomava de vez em quando Novalgina em gotas para passar a dor. Só mais tarde, quando voltei para SP, o Capitão Alberto Albernaz, do DOI-Codi, completou o serviço com um soco, arrancando o dente. 
 
No início não tinha rotina, não se distinguia se era dia ou noite. O interrogatório começava, geralmente com o básico, o choque. Começava assim: "Em 68, o que você estava fazendo?" E acabava no pau-de-arara. Então, se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, ele te bota num pau-de-arara em alguns momentos e depois leva para o choque. Uma dor que não deixa rastro, só te mina.
 
Tinha muito esquema de torturas psicológicas, ameaças. Eles me interrogavam assim: "Me dá o contato da organização com a polícia". Eles queriam o concreto. "Você fica aqui pensando. Daqui a pouco eu volto e vamos começar uma sessão de tortura." A pior coisa é esperar por tortura.
 
Depois, as ameaças. "Eu vou esquecer a mão em você. Você vai ficar deformada, e ninguém vai te querer. Ninguém sabe que você está aqui. Você vai virar um presunto e ninguém vai saber." Em São Paulo, me ameaçaram de fuzilamento e fizeram a encenação. 
 
Fiquei presa três anos. O estresse é feroz, inimaginável. Descobri pela primeira vez que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando a minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente o resto da vida.
 
Depois de ler esse relatório, pensei. Durante a campanha eleitoral, muita gente, usou a “subversividade” de Dilma como recurso para convencer os incautos de que ela não era a candidata ideal. 
 
Felizmente, o povo brasileiro não foi convencido. Permitiu que uma mulher nos ensinasse que o sentimento de vingança permanente não beneficia ninguém. Porém, alguns políticos itapirenses não se enquadram no pensamento de Dilma. E o que Itapira ganhou com isso?
 
 
Fonte: Nino Marcatti

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