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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
18/03/2012 | Nino Marcatti: Onde está o Homem de verdade?

 

A celeuma da vez entrou na baila com um discurso de Mino Nicolai, há duas semanas, durante o pequeno expediente da Câmara Municipal. Mino afirmou que Sonia Santos e outras pessoas da cidade “não conheciam um homem de verdade”. Palavras recebidas com grande indignação.

Mino Nicolai, certamente, não queria coroar o atual e o ex-marido de Sonia com a marca da desvirilidade. É o que se supõe. Caso contrário, ao nobre vereador caberia internação imediata, imobilizado numa camisa de força. Que ninguém fique preocupado com essa questão. O mal do neopetista ainda permeia parte do universo masculino: a condição de ser macho. Ele usou o termo para se caracterizar como um “homem de verdade”, talvez um dos únicos a não temer ninguém, a enfrentar o mundo de peito aberto, a aguentar os açoites sem reclamação piedosa, a bater ao apanhar sem fugir do pau. 

Posturas dessa natureza são assistidas corriqueiramente em todos os cantos da cidade. Aos comuns, taxa-se como quesito de ignorância, que em dois ou três dias, evapora-se. Mas a nossa personagem é líder do prefeito e o homem público deve medir, sempre, as palavras. Ao lançá-las ao vento, como ele fez, acabou buscando as interpretações perpetuadas pelos tabus da sexualidade humana, associando-as às maledicências políticas e sociais. 
 
O mais lamentável, nesse episódio, é que a naturalidade com que ele se expressou, sem perceber a bobagem que falava, pode representar que o pensamento dele é de que seja um homem de verdade, mesmo. Aquele que se diferencia da mulher pela superioridade nas ações, pela coragem de enfrentar e, porque não dizer, pela força física. E quem não é assim, não é homem, também. Posturas que podem revelar a carga preconceituosa que habita o mundo masculino. 
 
Fatos acontecidos, testemunhados e documentados não admitem hipóteses no âmbito da condicionalidade. E no caso em tela, a imaginação a seguir, peca pela improbabilidade, mas vale como indício de reflexão: imaginemos o que poderia ter acontecido, caso a vereadora Sonia Santos, num lapso de loucura, se comportasse como as mulheres de antigamente, abaixando a cabeça e se calando. Ou, saísse chorando porta afora. Será que o vereador se sentiria na obrigação de pedir desculpas na sessão seguinte? Será que um monte de marmanjos não se acorreria a Mino para parabenizá-lo por ter colocado aquela mulher no lugar donde ela nunca deveria ter saído?
 
Mino Nicolai se desculpou. Reconheceu o exagero e o erro. Aí, talvez, os raros segundos em que ele agiu como um Homem de verdade. Mas não demorou muito. Nas palavras seguintes, sofreu recaída. Justificou as palavras malditas como resposta ao estado de ataques da vereadora. Publicamente, Sonia, em nenhum momento, por mais ferina que possa ter se colocado, saiu da crítica política e entrou no campo pessoal do vereador. Só o fez em reação ao abuso verborrágico do companheiro de sigla. Pior ficou quando Mino chamou o sangue italiano como possível responsável pelo desatino. Confundiu alhos com bugalhos.  
 
O vereador como representante legislativo não deve perder as estribeiras. Precisa manter o decoro. Deve estar preparados para os embates, sem ofender quem quer que seja. Nem mesmo politicamente. As divergências devem estar nas ideias, nunca nas pessoas. Aliás, respeitar os outros, apesar das diferenças, mostra dignidade, inteligência, e, sobretudo, a condição humana no seu estado mais exemplar. 
 
Mino Nicolai talvez tenha prestado um grande serviço à nossa sociedade ao mostrar o que um Homem de verdade nunca deve fazer.           
 
Fonte: Nino Marcatti

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