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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
23/04/2011 | O estuprador perambula por aí. E daí?

Um morador desta cidade foi preso, semana passada, acusado de ser o estuprador que atuava em Itapira e região. Imaginavam tratar-se do maníaco da luva. Um meliante que atacava as suas vítimas, preferencialmente acompanhadas, namorando em pontos ermos. Usava o veículo da desavisada, indicava um caminho e a conduzia para um local, cuidadosamente selecionado, onde daria cabo às suas loucuras psíquicas. Rezam alguns relatos de que além das luvas e do capuz, onde declarava apenas os olhos, esse criminoso manifestava um bom português, era perfumado e raspava os pelos pubianos.

Logo que a notícia foi espalhada pela cidade, imediatamente, antes que os fatos fossem apurados com maior precisão, com base na informação de reconhecimento dos olhos e da voz por parte de algumas vítimas, a pessoa detida foi automaticamente julgada e condenada. Pesava contra essa pessoa outro crime que se caracterizou pela tentativa de estupro de uma lavradora e tentativa de assassinato de uma menina testemunha. Crime em que ele foi julgado e condenado, quitado com alguns anos de reclusão. Para a maioria, quem pratica uma vez, repete. Pode não ser sempre assim. Por falta de provas convincentes, ganhou a liberdade. Ninguém deve ser preso ou condenado sem indícios cabais.

Quando saímos dos conceitos que definem uma sociedade organizada e embarcamos no delírio coletivo, na prática chegamos perto dos portadores de distúrbios psíquicos de qualquer natureza. O medo que nos assola, não sem razão, nos torna, muita vezes, irracionais. Irracionalidade que nos conduz ao preconceito, ao comprometimento da vida cotidiana, ao medo demasiado, à vida empobrecida.

Como brasileiros, salvo a calhorda política e a violência urbana a que somos submetidos, como povo, nós não vivenciamos grandes traumas, como guerras ou desastres naturais de grandes proporções. Experiências quase que inimagináveis, para nós, graças a Deus. Se de um lado somos abençoados por isso, do outro, tal inexperiência nos leva a histeria coletiva, muitas vezes.

É sabido que parte da população, em torno de dois a três por cento, é acometida de distúrbios de personalidade, donde podem ser encaixados os casos dos estupradores que não se importam com o sofrimento das vítimas ao usarem a violência física e moral acentuadas e nos casos onde se busca a ação com casais.  Por incrível que possa parecer, o estupro é pouco estudado pela ciência, mas para os casos graves, há tratamentos. Considerando que o sexo forçado, com ocorrências mais frequentes do que a maioria das pessoas imagina, que pelas ligações humanas estabelecidas não são denunciadas, as aberrações acabam enquadradas como desavergonhamento masculino. Naqueles casos, é doença.

A ciência define três tipos de homens que buscam o sexo forçado: no fim da adolescência e início da vida adulta por conta da impulsividade sexual natural, mas sem noção dos riscos; homens que levam esse comportamento para o resto da vida e os psicopatas. Testes laboratoriais realizados com criminosos diversos revelaram que entre os estupradores o grau de excitação era maior diante das histórias de sexo forçado em relação às de sexo consensual.

O melhor caminho para resolver os males que aflige a sociedade é a reflexão e os cuidados apropriados. É fazer a discussão extrapolar os mecanismos oficiais, jurídicos e penais, fazendo-a chegar às rodas costumeiras, desde que desprovida de preconceitos e medos desnaturados.

Para evitar os ataques do estuprador, não precisamos nos guardar sobre as quatro paredes da nossa casa. Devemos - isso sim - não nos isolar, jamais, nas quebradas escuras da cidade. A última coisa que um estuprador quer, é ver uma testemunha por perto. Esse agressor pode ser doente, mas não é burro. Planeja suas ações, com fino trato.   

Fonte: Nino Marcatti

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