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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
23/10/2011 | O preto no branco, mas nem tanto!
 
 
 
Nesta quinta-feira, dia 21, os secretários Mário da Fonseca e Ana Peruchi concederam entrevista coletiva com o intuito de transmitir à população o relatório da sindicância que apurou o caso da criança queimada da creche.  Os trabalhos levaram três meses.
 
Concluiu-se que a queimadura não aconteceu na creche.
 
Salvo o desabafo dolorido da Secretária de Educação ao falar da tristeza que o episódio acometeu o sistema municipal, ficou a impressão de que a preocupação maior do poder público residiu em livrar-se de qualquer responsabilidade pelo lamentável acontecimento.
 
Evidentemente, não devemos tirar dos governantes o direito de defesa. Muito menos, impingir-lhes culpa indevida. Mas, uma questão, ainda, me desassossega. Porque o prefeito demorou tanto tempo para se pronunciar sobre o caso? Só o fez depois da escâncara mediática.
 
Segundo a entrevista coletiva, disponível na íntegra na TV PCI, a criança foi entregue pelos pais, com as queimaduras. Quando o menino recebeu um banho de meio corpo – e como estava muito frio, foi mantida a blusinha na parte superior – não se observou as queimaduras mais graves, nas costas. Queimaduras que tinham ocorrido no dia anterior, segundo o médico que atendeu a ocorrência e declarou no processo. Talvez, em função da correria, a mão ferida, que estava à mostra, não foi identificada pelas funcionárias. Mas quando outras duas servidoras deram-lhe um banho de corpo inteiro, quase no final do dia, os ferimentos foram finalmente constatados. É possível imaginar o quanto essa criança chorou ou ficou irritadiça, principalmente, nos banhos ou quando era tocada nas costas ou tentava dormir. Quase no final do expediente, o fato foi relatado à coordenadora, que passou para a Secretária de Educação, chegando naquele mesmo dia ao Prefeito Municipal. Relatório que dizia que a criança poderia ter sido queimada na creche e arriscava o palpite de que poderia ter sido durante o banho.
 
Por isso, desconfiou-se do chuveiro que foi imediatamente substituído, pela administração. Salienta-se, portanto, que tal suspeita nasceu na creche. Não na rua ou na imprensa.
 
Por mais que o Secretário Mário insista de que foi acertada a não divulgação prévia do fato, a de se considerar que o prefeito não instalou a sindicância de imediato, como bem reza a cartilha do bom administrador ao tomar conhecimento das ocorrências que envolvem a sua administração. Situação que acabou levando a imaginação popular a concluir que a investigação interna só foi instaurada a partir do noticiário. Sem falar que essa mesma imaginação, poderia deduzir que fatos semelhantes ocorrem, sem que a comunidade fique sabendo, colocando em dúvida o trabalho de todo sistema municipal.
 
O silencio e a dificuldade em assumir os erros ou as suas possibilidades são marcas habituais das administrações brasileiras. Portam-se como vivêssemos nos países escandinavos, onde os serviços públicos são exemplares. Desconhecem que a evolução para os acertos decorre do reconhecimento dos erros.
 
Ao que tudo indica, essa lição, mesmo não admitida, foi aprendida pelo Novo Tempo. Ontem, diante da avalanche de denúncias de corrupção que assolam o Ministério do Esporte e a ONG “Bola Pra Frente”, mesmo não tendo nenhuma apuração final, uma Nota Oficial foi emitida pela municipalidade para estabelecer a posição da prefeitura pela manutenção do convênio com a referida ONG. Tal procedimento, não impedirá, contudo, um eventual envolvimento do município nesse escândalo. Tampouco, assumirá qualquer culpa no cartório. Apenas tornou público o pensamento da administração a respeito do assunto. É isso!  
 
 
Fonte: Nino Marcatti

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