A Prefeitura Municipal de São Paulo multou em R$ 2 milhões o shopping Center Norte. Os técnicos da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente determinaram a suspensão das atividades do shopping, dos estacionamentos, e das lojas Carrefour e Lar Center, que funcionam no mesmo complexo. O motivo da multa e da suspensão é o não atendimento às exigências feitas pela Cetesb que multou o estabelecimento na semana passada por não ter instalado um sistema de extração de gases. O fechamento é válido por tempo indeterminado, até que seja comprovado o cumprimento de todas as exigências ambientais. O Center Norte também foi intimado a atender medidas previstas na legislação municipal: manter o piso de 30% da área dos estacionamentos permeável e que haja uma árvore para cada 40m² de estacionamento. É o shopping que apresenta o maior volume de vendas por metro quadrado entre todos os empreendimentos da cidade. Cerca de 100 mil pessoas passam diariamente pelo local. Assim noticiou a Folha de São Paulo.

No terreno onde o shopping foi construído, em 1984, abrigava um lixão. Como é sabido, o material orgânico em processo de decomposição, produz gás metano. Nesse caso, esse gás está entrando, em níveis alarmantes, dentro das lojas. A qualquer momento aquilo tudo pode explodir e matar milhares de pessoas.

Ontem, sexta-feira, o shopping deveria amanhecer fechado, mas uma liminar foi concedida pela justiça aos administradores do Center Norte, que assumiram o compromisso de executar as medidas de monitoramento diário e instalação de drenos para extrair o metano do solo. Compromisso que já foi descumprido, anteriormente. O público diminuiu sensivelmente, as vendas despencaram, mas se aposta que em pouco tempo, ninguém se lembrará mais do assunto e o movimento comercial voltará à normalidade. E se acontecer uma tragédia?

Aparentemente, esse assunto nada tem a ver com a nossa cidade e muito menos com o lixo nosso de cada dia. Mas é possível perceber, aqui como acolá, a dificuldade das pessoas, dos empresários e do poder público em pensar sobre os seus atos e as consequências futuras. Acreditam que o tempo que dispomos nesse mundo é semelhante ao tempo da natureza. E cada dia, a cada cidade, barbaridades são cometidas em nome de avaliações político-burocrático-administrativas desastrosas. E quem pagará o desleixo e a irresponsabilidade da sociedade desse tempo: as gerações futuras, nossos filhos, nossos netos, nossos descendentes.

Itapira poderá propiciar à atual administração a oportunidade de pensar uma política consequente sobre a produção e a destinação do lixo gerado todos os dias. Foi aberto o processo licitatório que orientará a coleta e o armazenamento dos resíduos coletados. Se mantido os critérios propostos pelo poder público local, só voltaremos ao assunto, no ano das olimpíadas que vai acontecer no Brasil em 2016. Lá, certamente, estaremos produzindo muito mais lixo do que é produzido hoje, e se nada for feito, reciclando menos, fatores que estarão em total desacordo ao preceituado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada no ano passado.

Uma luz foi finalmente acesa nesta quinta-feira, dia 29. O secretário de negócios jurídicos e cidadania Mario da Fonseca, reunido com o Condema, comprometeu-se a tentar enquadrar os dispositivos previstos na PNRS no contrato a ser firmado com a empresa vencedora da licitação, assim como, estabelecer uma revisão contratual, dentro de um ano, para que a sociedade civil possa participar do processo de formulação do projeto básico que dará sustentação ao processo licitatório e ao contrato a ser firmado com a empresa interessada. Será um avanço e tanto. Ninguém quer mudar nada de uma hora para outra, quer apenas começar a mudança.

Na próxima sexta, dia 7 de outubro, às 19 h, no auditório do IESI, acontecerá o Fórum Municipal do Lixo. Vários temas serão abordados por especialistas no assunto. Dele poderá sair uma proposta para o futuro da nossa cidade. Participe. Inscreva-se!   

Por que esperar, se podemos prevenir! Com o meio ambiente não se brinca, nem por brincadeira.