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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
12/10/2014 | Sandro Belli : Leishmaniose canina ou Calazar

 A leishmaniose ou calazar é uma doença causada por um protozoário (microorganismo) denominado Leishmania. Em algumas regiões também é conhecida por “doença de Bauru”. Ela acomete cães, canídeos (lobos), roedores silvestres e o homem. Raramente os gatos são afetados. A transmissão ocorre através da picada de insetos específicos (Lutzomyia longipalpis) conhecidos no Brasil como mosquito-palha, birigüi e outros.

O Norte e Nordeste do Brasil detém a maioria dos casos de leishmaniose. No entanto, a doença tem se manifestado em outras regiões do país, causando preocupação por se tratar de uma zoonose, doença que pode ser transmitida do animal para o ser humano.
A leishmaniose apresenta-se no cão com sinais de emagrecimento progressivo, aumento do baço e fígado, crescimento exagerado das unhas e ferimentos na pele que nunca cicatrizam. Nem sempre todos esses sintomas estão presentes, e o animal pode ter leishmaniose sem manifestar sinal algum. Doenças de pele como a sarna negra podem ser confundidas com a forma cutânea do calazar. Por isso, apenas com exames laboratoriais é possível diagnosticar a leishmaniose. Somente o exame clínico pode levar a afirmações precipitadas.
No ser humano, a leishmaniose apresenta diversas manifestações (na pele ou orgãos). Se diagnosticada a tempo, pode ser tratada com grandes chances derecuperação para o paciente.
O tratamento nos cães existe e é utilizado a décadas em países europeus. No entanto, ele é caro, prolongado, exige o comprometimento total do proprietário do animal, e ainda há divergências quanto aos resultados. No Brasil, apenas alguns cães são tratados, e há resistência de orgãos públicos quanto a isso. A alegação é que animais que recebem tratamento podem continuar como reservatórios da doença após curados. Por esse motivo, o sacrifício dos doentes e portadores é indicado pela lei.
Para acatar essa difícil medida legal, a eutanásia, o dono tem o direto de requerer a confirmação do exame positivo para leishmaniose, através de novos testes. Em caso positivo, a “carrocinha” não poderá, segundo a advogada Mônica Grimaldi, obrigar o dono a entregar o animal. Isso só acontecerá mediante ordem judicial. O proprietário também tem reservado o direito de entregar seu cão a um veterinário de confiança que proceda à eutanásia, caso ele decida por isso.
Como medidas preventivas, a vacina contra a leishmaniose, desenvolvida no Brasil por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é comercializada em regiões onde a doença é comum. Os veterinários são orientados quanto a uso do produto que querer exame prévio para saber se o cão já está infectado. Se estiver, a vacina não terá valor, pois é preventiva, ela não irá curar o cão.
Produtos repelentes que afastam os mosquitos e, portanto, impedem que o cachorro seja picado, também são eficazes para o controle da leishmaniose. Existe a coleira à base de deltametrina 4%, única recomendada pela Organização Mundial de Saúde para evitar a transmissão da doença. Ela protege o animal por 6 meses. Existem outros repelentes, na forma de talco, spray e gotas, que agem de forma similar, porém eles possuem período de proteção menor. Em todos os casos, o princípio ativo fica impregnado na pele e pelagem do cão, repelindo os insetos. O produto deve ser utilizado continuamente para garantir proteção ao animal.
Um outro aspecto importante na prevenção da doença é o vetor, o “mosquito” que transmite a leishmaniose. Acabar com os cães doentes e portadores é uma medida ineficaz, se o transmissor continuar a existir. Diferente do “mosquito da dengue”, o flebótomo (inseto que veicula a leishmaniose) não se reproduz exclusivamente na água, o que facilitaria o seu combate. As matas úmidas, margens de rios e locais com matéria orgânica (terrenos baldios com depósito de lixo), são os locais onde o inseto coloca seus ovos.
De tamanho pequeno e hábitos noturnos, o “mosquito” transmissor da leishmaniose deve ser combatido de todas as formas: limpeza do terreno, evitar acúmulo de lixo, uso de inseticidas no ambiente e repelentes nos animais domésticos.
Os cães suspeitos de leishmaniose devem ser submetidos a um exame de sangue específico que revelará ou descartará a doença através da pesquisa de anticorpos (sorologia). A biópsia/punção de medula ou linfonodos (gânglios), e o raspado das lesões da pele também são usados no diagnóstico. A cada dia os métodos têm se tornado mais confiáveis para a detecção da leishmania.
Em regiões onde a leishmaniose pode ocorrer pela presença de fatores de risco (mosquito transmissor e cães/pessoas infectados), além do combate ao vetor, a vacinação dos animais e uso de repelentes são medidas preventivas importantes. Deve-se evitar que o cão doméstico fique solto a partir do final da tarde e tenha acesso a áreas como matagais, depósitos de lixo e terrenos baldios.
Fonte: Sandro Belli

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