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Itapira, 20 de Abril de 2024
Artigo
24/12/2010 | Uma resposta educada aos responsáveis pela governança municipal itapirense.

1)      O AGRADECIMENTO – É Natal. É tempo de sonhar com um mundo melhor. É tempo de esperança, de alegria, união e reconciliações. O nascimento de Jesus abriu um novo tempo. Inspirado nos bons ventos natalinos, eu agradeço aos meus caros companheiros, amigos e conhecidos do PCdoB, PSB, PV, PSDC, PR, PSC, PSL e, principalmente, do PT pela importância dada às minhas singelas avaliações e sugestões. Não é qualquer cidadão amante dessa terra que ao falar ou escrever sobre os rumos políticos do município recebe, dos senhores, tanta atenção. Dizem-me, inclusive, que nesses anos do Novo Tempo alguns textos da minha lavra pautaram reuniões, corrigiram rotas e transferiram idéias. Infelizmente, pelo que vejo, nem todos os meus apontamentos foram observados. Mas fico feliz pelo pouco que eu possa ter contribuído.

2)     A DEMOCRACIA – Respondo ao desagravo dos senhores por considerá-los como baluartes do avanço democrático em nosso município. Não nos exultemos, pois. O avanço foi pequeno. Temos muito caminho a percorrer. Perdemos a oportunidade de consolidá-la, de vez. Pergunto-lhes. Como são vistas ou tratadas as pessoas que discordam das prioridades, métodos e organização do alto comando dessa administração. Com respeito? As retaliações e as pressões subterrâneas abandonaram de vez a cúpula palaciana? O conceito que considera a pessoa que crítica como integrante e adoradora do outro lado desintegrou-se na cabeça governista? E as manias de perseguição, as idéias conspiratórias e os sentimentos de vingança abandonaram a consciência desse governo? Basta um meio “não” para uma dessas perguntas para que a existência da democracia relativa esteja garantida. É a democracia que vale para um lado só e impede a sua plenitude. Vejam, por exemplo, que para construir a missiva a mim dirigida, imagino que dois ou três representantes de cada partido foram convocados para analisar o texto “Clara como a luz do Sol”, para contribuir com idéias e definir o tom e um relator comum que pudesse aglomerar as sugestões com fidelidade. Posteriormente, o texto final foi submetido à aprovação e à assinatura do grupo. Ninguém engoliu o texto goela abaixo. Esse processo num meio antidemocrático seria muito diferente. Um grupo restrito, duas ou três pessoas, se reuniria para extrair as frases, independentemente do contexto, ordenar um bom articulista para construir um desagravo multipartidário, tendo com objetivo principal a desqualificação e a intimidação do autor. Assim, evitar-se-iam outras iniciativas. Mata-se a geração de idéias no ninho. Seria o famigerado controle da livre expressão, de triste memória, próprio das infames ditaduras. As assinaturas seriam recolhidas posteriormente, submetendo os signatários à vergonha de assinar um documento não necessariamente representativo dos seus pensamentos. 

3)     A CASA DA MÃE JOANA – “Não sei por que cargas d’água” os senhores vincularam a expressão “casa da mãe Joana” à Prefeitura e, ainda por cima, colocando em primeiro plano a definição originária do termo. Na linha de raciocínio empreendida, teríamos que banir a interjeição “Pô” (que exprime espanto, aborrecimento, desagrado, enfado, dor) da nossa linguagem diária por conta do nome popular do sêmen que motivou a sua origem. Com a mesma sorte, centenas de palavras seriam extirpadas do uso corriqueiro, como por exemplo, o palavrão domesticado “filho-da-@@@@” (cujo significado aponta para pessoa traiçoeira, desonesta, não confiável, mas que dependendo do contexto pode ser usada como um elogio irônico ou até, pasmem, como linguagem afetiva).  O verbete “Casa da mãe Joana” é definido pela maioria dos dicionaristas como: lugar ou situação em que cada um faz o que quer, onde impera a desordem, a desorganização. Trata-se de uma expressão usada, nos tempos modernos, para chamar a atenção das instituições compostas por pessoas, com o mesmo grau de poder, onde cada cabeça pode apresentar uma sentença, cujos interesses particulares ou a ignorância atrapalham a conciliação e emperram as soluções. Já foram agraciados com esse termo: a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as Assembléias Legislativas, as Câmaras de Vereadores e os Tribunais Judiciários. Nem a imortal Academia Brasileira de Letras foi poupada.

4)      A CÂMARA MUNICIPAL - No dia 20 de novembro, por conta do zunzunzum, publiquei o artigo “A Câmara não deve ser a casa da mãe Joana!” que pedia aos vereadores mais ações políticas para que a atividade legislativa ganhasse o respeito do eleitor. Sugeri palestras, cursos de formação e a contratação de um assessor para os assuntos da área, sem vínculos com os agrupamentos que disputam o poder local. Não deu tempo. Depois da eleição da presidência da casa a “coisa” azedou. Na situação estão Mino e Ferrarini, mas este reclama constantemente da falta de apoio governamental. Manoel, na presidência, ficará com a neutralidade regimental. Na oposição, Carlinhos e Orcini continuarão na lida. Paulo depois de alguns desgostos com a casa e de ser duramente criticado pelo ex-prefeito, dá sinais de que irá renunciar. Sonia declarou-se oposição ao Governo de Toninho Bellini, sem alinhar-se ao grupo da oposição ao Governo de Toninho Bellini. Zé Branco que estava com a presidência da casa garantida pelos votos situacionistas, viu suas intenções naufragarem. Cleber e Moreno entraram ou foram empurrados para o campo das incógnitas. Qual seria a melhor denominação para a atual Câmara dos Vereadores? Para mim, a Casa da mãe Joana serviu como uma luva.

5)      O “CLARA COMO A LUZ DO SOL!” – Antes de tudo devo esclarecer. A expressão “clara como a luz do sol” concede verdade absoluta ao que foi dito ou escrito. Não retirei o termo da música, conforme chutado pelos senhores. Lulu Santos e Nelson Motta buscaram a mesma expressão para exaltar a verdade da beleza de uma mulher imaginária.  Eu exaltei parte da personalidade política de uma mulher real. Outro ponto importante a ser esclarecido é o da “Leitura Contaminada”. Aquela em que o leitor cria uma interpretação paralela lastreada nos seus conhecimentos mais ou menos limitados, nos preconceitos empedernidos, nas convicções religiosas ou estapafúrdias, nos rancores, na inveja e nas dificuldades para ler as idéias que contrariam as suas bases de sustentação aparentes. Interpretação que leva à desconstrução da idéia original. Aos menos graves recomenda-se uma segunda leitura duas horas mais tarde, aos demais, três a cinco. Dependendo do caso ou do tamanho do texto, pular para as fofocas televisivas ou para as histórias em quadrinhos acaba sendo a melhor solução. Nesse artigo, analisei os papeis de Manoel Marques e da Sonia Santos. Ele na prefeitura, ela na câmara. Curiosamente, esse que era foco principal do texto passou ao largo da análise missivista. Coloquei a Câmara e a Prefeitura no contexto e finalizei assim: “Toninho Bellini perdeu Marques, o pau para toda obra. Perdeu a competência e a seriedade de Mario na Câmara. Perdeu o empenho, a bagagem e o enfrentamento de Sonia. O que será do governo de Toninho Bellini nesse restinho de mandato? E o que será da casa da mãe Joana?” Posso estar errado, mas imaginar que as duas únicas perguntas finais foram direcionadas ao poder executivo, no mínimo, foi forçação de barra de baixa categoria. Espero que ninguém diga, agora, que faltei com respeito à nossa casa de leis. Ninguém dessa cidade tem valorizado o poder legislativo, como instituição, mais do que eu. Artigos não faltaram para o tema.

6)      A ORGANIZAÇÃO - Eu não diria com base nos depoimentos da vereadora Sonia que a organização da administração foi responsável pela vitória de Manoel Marques. O resultado poderá ser atribuído, talvez, às estratégias adotadas e ao comportamento político de Manoel. Tais procedimentos, éticos ou não, são aceitos no jogo político. Só não pode achar que para um lado vale tudo e para o outro, nada. Para um lado é coisa do bem, do outro, coisa do mal. Eu não diria, também, que a nossa Prefeitura está com um bom nível de organização. Ao que rola entre os servidores, homens de confiança e o público em geral não há motivos para esse arroubo. Mas se os senhores dizem isso, que a verdade esteja convosco.

7)      A CONFUSÃO – Como já assuntado, não imagino as razões que os levaram a atribuir o termo “Casa da mãe Joana” à Prefeitura. Eu jamais daria ao governo de Toninho Bellini tal classificação em função da rigidez que tento impor aos meus textos e pensamentos. Contrariamente às decisões colegiadas, no poder executivo as decisões são da responsabilidade de uma só cabeça, do prefeito, independentemente de quem tenha de fato decidido. Portanto, o termo não pode ser aplicado ao paço municipal. Erros decisórios de um governante podem ser chamados de equívocos ou atribuídos à incompetência, ou ainda, à falta de liderança. Enfim, não me referi à Prefeitura como sendo “a casa da mãe Joana”. Não por questão de respeito ou qualquer outra intenção, mas por conhecimento da acepção da palavra.

8)      O ANGLO – Estranhei a repetição por parte dos senhores, mesmo comedida, da prática da falta de contextualização, por motivo torpe, na referida missiva. O Anglo, empresa da qual sou sócio e fundador, nunca se envolveu e nem se envolverá em questões de natureza político-partidária. Meus sócios, assim como eu, repudiam veemente qualquer tentativa de estabelecer ligações entre o meu pensamento, que é livre e garantido pela Constituição Brasileira, com a empresa ou com o trabalho pedagógico que desenvolve desde 1978. A nossa comunidade conhece o rigor e a qualidade dos nossos serviços. Fui o fundador do curso Santo Antonio, que virou Mac Poli e, em 1986, ampliou para o ensino regular integrando-se ao disputadíssimo Sistema Anglo de Ensino. Estamos fechando trinta e dois anos de atividades ininterruptas na preparação para os exames vestibulares e vinte e cinco anos, no ensino regular. Temos alunos de pais que foram nossos alunos. Temos o reconhecimento do nosso sucesso. Dediquei vinte e três preciosos anos da minha vida à área administrativa. Deixei a função três anos antes da vitória do Novo Tempo. Em conversa com um integrante do comitê de campanha, em 2004, sugeri o projeto “Cursinho Popular” – só depois disso vi a veiculação na propaganda eleitoral – assim como já havia sugerido, dois anos antes, ao então prefeito Barros Munhoz. Em nenhum momento essa sugestão foi acompanhada do pedido de privilégios à minha instituição. Mais tarde, com o projeto em andamento e como membro do Conselho Municipal de Educação, em reunião ordinária, eu ajudei a Secretária Ana e o Secretário Marques no processo de redução do número de alunos atendidos em face das dificuldades financeiras da Prefeitura e apoiei a entrada da Escola Interativa no sistema. Para mim, na área pública, o importante está nos benefícios das idéias, não nos interesses pessoais, políticos ou empresariais.

9)      A OBRIGAÇÃO DO ELEITOR – Com relação às críticas que tenho dirigido ao Governo Toninho Bellini garanto-lhes: elas vêm da imprensa, dos comentários das ruas e dos integrantes do próprio governo, desesperados com os rumos adotados e interessados, única e exclusivamente, em ajudar a administração municipal, oferecendo à população os serviços que ela merece. Não invento críticas. Não publico nada sem ter pelo menos uma confirmação confiável ou, por força das circunstâncias e diante da importância do assunto, deixo clara a minha ilação. Semanalmente, uma saraivada de críticas circula pela imprensa local, algumas exageradas, outras descabidas, todas, no entanto, não despertam a atenção e os esclarecimentos dos senhores ou do Prefeito. Lamento, mas o peso do homem público não se mede pelo silêncio, nem pela elegância do cargo, mas pela transparência dos seus atos e a forma como ele se manifesta. Pela quantidade de críticas, raros são os pronunciamentos. Fica o dito, pelo não dito. Não vejo nisso atitude saudável, nem para o governo, nem para a democracia. Todos os assuntos de interesse da comunidade são maiúsculos e devem ser tratados e enfrentados. As respostas devem ser maiúsculas. As minhas cobranças vêm de quem acreditou, votou e ajudou a eleger esse grupo. Os senhores propalaram inúmeras vezes que a cobrança é prerrogativa do eleitor. O equivoco pode estar presente tanto nas ações de governo, como na cabeça de quem critica e cobra. Os pontos de vistas podem ser divergentes. A responsabilidade de esclarecer é sempre de quem governa.

10)   O SEPARANDO AS COISAS – Somente os fundamentalistas e os políticos extremistas têm dificuldades para lidar com as diferenças e encaram os adversários como inimigos mortais. Toninho Bellini, como qualquer outro integrante desse governo, nunca deixará de ser cumprimentado por mim e de ter a minha admiração como cidadão, amigo, parceiro, pai de família e agente comunitário, além do meu respeito pelo arrojo e pelos riscos da empreitada política. Mas entendo que ao se decidir pela disputa eleitoral é preciso ter em mente a exposição escancarada – o dar a cara para bater. Ninguém deve entrar na área ignorando a sina. Sou extremamente cuidadoso com as palavras e com o desenvolvimento dos meus textos. Não agrido por premeditação. Não injurio para intimidar ou para desqualificar ou para qualquer outra finalidade. Não desfilo raiva, nem rancor, pois não os tenho. Apenas questiono, a quem de direito, com a pretensa vontade de buscar a reflexão e resultados. E sempre que um fato ou ação justificar, não terei o menor constrangimento em reconhecer o meu erro ou elogiar quem quer que seja, merecidamente.

11)   AS AÇÕES ADMINISTRATIVAS DE GOVERNO – Quantos aos feitos administrativos arrolados no desagravo, eu nada tenho a comentar. Independentemente das minhas avaliações pessoais, entendo que a aprovação ou a rejeição deles cabe à maioria dos beneficiados em função do usado. Logo, qualquer explanação nesse sentido deve ser dirigida ao povo, aos vereadores, ao tribunal de contas e ao ministério público, quando for o caso. Os pontos políticos inter-relacionados merecedores de atenção foram comentados, por mim, nos tempos devidos.

12)  O PARTIDO DOS TRABALHADORES - Sou fundador do PT de Itapira. Nele debutei na política e militei por vários anos. Na época, em plena ditadura militar e na hegemonia política de Barros Munhoz, o PT era coisa de comunista e de radicais que só pensavam em revolução armada. O medo imperava. Com pouco dinheiro tínhamos que colocar a mão na massa. Numa tarde, pintando painéis de campanha na casa do Carlão Vieira, conheci Sonia. Ela foi devidamente acolhida e nos injetou ânimo adicional. Trazia do Rio de Janeiro novas idéias e muita vontade. Com o tempo, Sonia começou a construir um PT que não era a minha cara e ganhava a maioria das lideranças petistas locais. Eu vinha da formação dos grupos de jovens católicos inspirados na Teologia da Libertação. Ela, do movimento estudantil carioca. Paralelamente, eu tive que optar: de um lado minha família e a minha empresa, do outro, a política partidária. Fiquei com a primeira opção, mas nunca deixei de contribuir financeiramente para a manutenção do diretório municipal e para as campanhas eleitorais. O aludido artigo “Clara como a luz do Sol” foi inspirado e dedicado à vereadora Sonia, lastreado nas suas declarações, também publicadas. Tenho criticado o PT de Itapira, nas suas omissões e na falta de influencia positiva do governo que apóia e participa. Somos um partido que não se cala diante das falhas políticas e administrativas dos governantes, nem mesmo quando ele é do PT. Somos, em quase todas as esferas, a principal oposição a nós mesmos. O PT sabe levar a política e as prioridades certas para o centro de poder graças ao vigor que empreendemos como partido, desde o nascedouro. Só vacilamos, quando deixamos de lado, a nossa história. Quando falo em respeito ao PT, não me refiro aos eventuais cargos oferecidos, negociados e concedidos. Refiro-me ao respeito às nossas idéias, às nossas cobranças, à nossa participação efetiva e cooperativa no governo.  Sei, perfeitamente, que não faltaram tentativas semeadas no deserto. Sei também que em muitas decisões, o partido nem foi ouvido. O que a fibra nos recomendaria? 

13)   A REFLEXÃO FINAL Ivan Lins e Vitor Martins escreveram: “No Novo Tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos. Estamos atentos, estamos mais vivos. Pra nos socorrer. No novo tempo, apesar dos perigos. Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta. Pra sobreviver. Pra que nossa esperança seja mais que a vingança. Seja sempre um caminho que se deixa de herança. No novo tempo, apesar dos castigos. De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga. Pra nos socorrer. No novo tempo, apesar dos perigos. De todos os pecados, de todos os enganos, estamos marcados. Pra sobreviver. No novo tempo, apesar dos castigos. Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas. Pra nos socorrer. No novo tempo, apesar dos perigos. A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça.” Podemos interpretar o significado do Novo Tempo dessa música de duas maneiras diferentes, sem risco de errar: um é o que surge depois da tempestade, outro é a tempestade que ainda não passou.   

Dou por encerrado esse assunto, coloco-me à disposição dos companheiros petistas para quaisquer esclarecimentos, frente a frente ou olho no olho como diria o nosso adversário, recentemente derrotado.

Fonte: Nino Marcatti

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