Quando eu decidi acompanhar uns amigos estrangeiros na viagem da floresta Amazônica, confesso que não sabia muito que esperar.  Quando estudei o roteiro então, pensei que seria árduo e fiquei mais preocupada ainda. Mas, já contanto no início o final da história: a viagem foi inesquecível!

O ponto de partida é Manaus, que vale a pena conhecer. A capital do Amazonas é cortada pelos Rios Negro e Solimões, que depois do espetáculo do encontro das águas, formam o grande Rio Amazonas. E é por aí que nos enveredamos até chegar ao Lodge (mesmo que pousada) escolhido, que está a 100km em linha reta, a sudoeste de Manaus, bem no meinho da mata.

Em Manaus aproveite para conhecer o luxuoso Teatro Amazonas e o Mercado Municipal.

O trajeto divide-se da seguinte maneira. Primeiro trecho: carro do hotel em Manaus até o início da BR 319, onde fica também o Distrito industrial às margens do Rio Negro. Segundo trecho: pega-se um barco para atravessar o encontro das águas em direção a vila do Careiro da Várzea.  Pequena pausa aqui. O encontro das águas dos rios Negro e Solimões é lindo e único. As águas se encontram e não se misturam e a diferença de cor de um rio para o outro é muito nítida. A partir do Careiro da Várzea, pega-se uma van por mais 40 km em direção a uma vila às margens do rio Araça. Outra pausa rápida. Há um variado mercado de peixes, onde fui apresentada às espécies que fariam parte da minha dieta nos próximos 4 dias. Piranhas, tucunarés, pirarucus. Finalmente, último trecho: do rio Araça, pegamos um barco com motor e seguimos penetrando a floresta Amazônica através de muitos de seus veios, até chegar ao destino final -  Juma Lodge.

Foram mais de 3h de barco avistando paisagens grandiosas. Muita água, muito verde, muito vento. Só aqui, comecei a sentir que o ritmo frenético que eu vinha estava dando lugar a calmaria. Foi observando a população ribeirinha lavando roupas às margens do rio, que me dei conta que meus dias seriam simples e relaxantes, como a vida que eles levam. A certa altura o barco parou, e o condutor chamou nossa atenção para os botos cor-de-rosa saltando da água. É assim, a vida selvagem não tem hora marcada para acontecer, e é preciso estar atenta para assistir uma surpresa como esta.

Finalmente avistamos a hospedagem! Uma pousada bem no alto, perto da copa das árvores, construída sobre enormes palafitas, para que não se tenha problema de alagamento nas épocas das cheias. São pequenos bangalôs encruados na mata, teto de sapê, sacada com rede, vista paradisíaca. Não acreditei. Parecia que estava entrando num cenário de filme.

Logo que chega, recebe as boas vindas do pessoal do hotel e também de outros hóspedes: macacos, araras, tucanos, pacas.

Não há luz elétrica, apenas gerador, não pega celular e internet, ainda bem!

Os passeios são variados, canoas ou pequenos barcos que levam para os veios de igarapés (pequenos braços dos rios) e igapós (floresta inundada temporariamente), pescaria da piranha que será servida no jantar, caminhada na floresta para reconhecimento do ecossistema, visita à casa de caboclos e saída noturna para ver o tão temido jacaré. E tudo isso acompanhado de um cenário único, que nos faz entender como a vida simples perto da natureza é magnífica.

Durante o dia o silêncio é tão absoluto, que parece que estamos sozinhos no mundo. À noite, há uma infinidade de sons emitidos pelos animais e insetos, que causam uma mistura de curiosidade e medo, e a certeza de que não estamos sozinhos. Mas esta é a alma deste tipo de viagem.

Dica da Nat: O cupuaçu é a fruta típica da região, então vale a pena experimentar tudo à base desta fruta: suco, bolo, mousse, torta, etc. Para encerrar com água na boca: tucunaré na brasa com molho de cupuaçu e de sobremesa, mousse de cupuaçu com chocolate.