Carregando aguarde...
Itapira, 12 de Julho de 2025
Notícia
02/01/2013 | Antigo celeiro de craques, futebol itapirense sofre com entressafra

Itapira A, C. nos anos 70, somente com jogadores da cidade

 

O futebol itapirense sempre foi privilegiado por formar equipes que se aventuraram pelo futebol profissional com jogadores revelados na própria cidade. Foram anos e anos revelando bons nomes, alguns inclusive fazendo história fora dos limites da cidade.

Essa história começa lá atrás, com jogadores como o capitão Bellini, de quem não é necessário se contar a história, Capota e Pereta, entre outros, que no final dos anos 50 e nos anos 60 desfilaram seu futebol pelo estado defendendo as cores da Esportiva Itapirense. Nesse contexto ainda se enquadra a equipe da Vermelhinha, campeã de 1969, que possuía em suas fileiras craques como Ronoel, Foraciepe, Zé Frangueiro, Zé do Ítalo, Edi Pícoli, Tu e Bujiu, entre outros.

Um pouco mais adiante, já na década de 70, apareceu o Santa Barbara, equipe comandada por nomes como Piquica, Amauri Martins e o ‘seo’  Zézinho, e contando com jogadores como Pirulito, Paganini, Cacá e tantos outros. E também o Itapira Atlético Clube, nascido nos anos 70 para suprir a falta de um time da cidade nos campeonatos da Federação Paulista, com uma equipe inteira formada por jogadores da cidade, em um time que atuaram valores como os goleiros Sabadini, Luisinho Pasté, Roberto Cremasco, Sávio, entre outros; os laterais Tião Venturini, Tadeu, Carlinhos Godoy e Carlinhos Mendes; além de nomes como Almir, Nelsinho, Toninho Bellini, Edi Picolli, Tequila, Pirulito, Tuia, Flávio Boretti, Fifo,  Dado, Cabrita, Fran, Mineiro, Dé - que depois viraria Sílvio no Palmeiras -, Plininho e Ike, entre tantos outros bons valores que vestiram a camisa grená do clube.

Avançando um pouco mais no tempo, mas ainda lembrando o IAC, nomes como Cláudio José, Camilo, Chicão, Palandi, Fiui, Beto Moino, Tatão, Chiquinho, Fernandinho, Luis Paulo, Bertinho e, junto com eles, já perto de encerrar a carreira profissional, depois de rodar por clubes paulistas, o bom Pedro Paulo. É certo que sempre que foi necessário, alguns jogadores de cidades da região reforçavam o elenco ocupando posições carentes nas equipes de Itapira.

Já na metade da década de 80, com o sucesso da equipe de juniores do IAC, outros valores surgiram, como Flávio, Arouca, Márcio, João Olo, Zé Antonio, Pedrinho Zázera, Claudinho, Diógenes, Tiãozinho, Márcio Belli, Chocolate, Marco Turato, e depois Everaldo, Ricardinho e outros valores revelados nas escolinhas comandadas pelo técnico Antonio Aparecido Godoy. Essa história, porém, sofreu um hiato, atravessando um período de entressafra, sem revelar bons valores depois que os últimos nomes, como Zé Paulo, Cesinha, Neto e Biro, só para citar alguns atletas.

Porém desde a volta da Esportiva ao futebol profissional em 2005, o fato é que a cidade não tem revelado outros nomes, apesar da base mostrar que o trabalho está sendo feito. Isso acontece porque, na maioria das vezes, o atleta, quando atinge a idade ideal para tentar a sorte em um clube de expressão, não encontra o respaldo necessário para tanto e prefere abandonar o sonho e investir em outra carreira profissional. Por isso é necessário reafirmar que o trabalho realizado na base, com jogadores de idade entre oito e 15 anos, sempre foi muito bem executado na cidade.

Passado

Desde os tempos passados, com treinadores como Hélio Baldassin, Benedito Valério (Jaú), Clóvis Avancini (Ná), Nelson Atala e, principalmente, com o técnico Godoy, que foi o responsável pela revelação de muitos dos jogadores citados acima, a cidade sempre criou seus próprios atletas. O trabalho ainda vem sendo muito bem realizado pelos técnico Ricardo Semogin, Hélio Aparecido da Costa, Godoy e Carlinhos Gigli. Porém, ao saírem do Sub 15 as equipes não conseguem bons resultados e por conseqüência jogadores não são revelados.

Para o diretor da Secretaria de Esportes e Lazer, Flávio Boretti, um dos grandes craques que o futebol local revelou e que além das equipes itapirenses, defendeu as equipes juvenis de Palmeiras e Guarani e equipes profissionais da região, quando o garoto completa 15 ou 16 anos ou ele vai estudar ou trabalhar e não há recursos financeiros para bancar sua carreira. “Quando o menino começa com oito anos nas escolinhas de base da Prefeitura, ele sonha em ser convidado para jogar nas categorias de base da Esportiva, porém aos 15 ou 16 anos, se ele não vê a perspectiva de ser jogador, a pedido dois pais ele passa a trabalhar ou a se dedicar aos estudos para cursar uma boa faculdade e não há recursos para pagar uma ajuda de custo as esses meninos”. Perguntado sobre a diferença de quando jogava e dos dias atuais Boretti foi enfático em dizer que “naquele tempo treinávamos a noite ou no finalzinho da tarde três vezes por semana, mesmo com a qualidade técnica que tínhamos hoje em dia não conseguiríamos ganhar de ninguém. O futebol hoje em dia depende muita do preparo físico e da força, então, é necessário dedicação total”.

Sobre o que seria necessário nos dias de hoje para uma mudança  para que novos jogadores pudessem ser revelados ele acredita que somente com um Centro de Treinamento, que tenha por finalidade revelar jogadores seria possível uma mudança no quadro. “Quem sabe se algum empresário resolve criar esse centro de treinamento, onde os garotos ingressem aos 12 anos e tenham toda a estrutura necessária para que possam, aos 17, 18 anos, estarem em equipes profissionais. Hoje no futebol profissional da Esportiva trabalhamos cerca de cinco meses e no restante do ano não existem recursos para manter uma base”.

Para Luiz Henrique Alves de Almeida, o Ike, que jogou profissionalmente no Itapira A.C e que é profundo conhecedor dos bastidores do futebol de base, o que acontece é que hoje em dia os garotos de 15 e 16 anos têm muitas opções, como jogos eletrônicos e computadores, ou começam a namorar mais cedo. “No passado o garoto ia à escola de manhã e à tarde a opção era pegar a chuteira e ir ao campo do Nogueira jogar futebol”, lembra. Para Ike, a falta de recursos financeiros é o fator fundamental que atrapalha o surgimento de novos jogadores. “Todo orçamento, que já é pouco, é dirigido ao futebol profissional. Para se ter uma idéia até outro dia a equipe sub 17 era bancada por um empresário, o Sub 15 conseguia realizar suas viagens para jogar fora de Itapira graças ao apoio da Imbil, da TIB e da W Center”, revela. “O futebol mudou muito, hoje o time profissional  joga cinco meses e você contrata um time inteiro, no próximo ano será outro time, então para uma análise mais focada o que temos são 11 camisas e isso não acontece só aqui, é em quase todo lugar. No meu tempo o time era o mesmo quase todo ano, quando eu entrei no profissional, já havia  uma base bem forte de ótimos jogadores, o que ajudava para quem estava subindo”.

Para Ike o que é necessário é um trabalho a longo prazo. “No imediatismo não se consegue muitas coisas. Precisamos estar sempre reciclando os profissionais que trabalham com a base, pois qualidade ainda temos. Vendo um pouco mais adiante acredito que a equipe que não conseguir revelar jogadores não terá futuro”.

Para o empresário e ex-goleiro Camilo César Galizoni Bertini, a coisa é mais complexa. Segundo ele é necessário um projeto social que, caso não consiga revelar jogadores, irá transformar a pessoa em homem de bem. “O garoto chega nessa idade não tendo nenhum tipo de ajuda, vai procurar emprego, alguns vão para o mundo das drogas e alguns se perdem pelo caminho. É necessário um projeto que vise resultado a longo prazo e que possa dar algum tipo de ajuda para que os garotos tenham condições de jogar em equipes da base”, diz. “Outro dia, encontrei um garoto trabalhando como chapa descarregando um caminhão em São Paulo, quando vi o conheci de algum lugar, ele me chamou pelo nome e, ao perguntar seu nome, me disse ‘sou o fulano, que jogava com seu filho no sub 15’. Um menino, agora com 16 anos, que para ajudar a família foi trabalhar .Quem sabe uma cesta básica ou até mesmo uma ajuda de custo para a família daqueles que precisam,poderiam dar mais oportunidades a esses garotos?”.

Para o ex-goleiro a solução para que a cidade possa ter novamente jogadores criados e revelados em Itapira, tem que ser pensada a longo prazo, criando um cidadão de bem, para quem sabe depois se conseguir alguns jogadores. “Acho que o caminho passa por ai”, finaliza.

 

Por Humberto Butti e Rosário Cicotti

Fonte: Da Redação do PCI

Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.

Veja Também
Deixe seu Comentário
(não ficará visível no site)
* Máx 250 caracteres

* Todos os campos são de preenchimento obrigatório

1644 visitantes online
O Canal de Vídeo do Portal Cidade de Itapira

Classificados
2005-2025 | Portal Cidade de Itapira
® Todos os direitos reservados
É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste portal sem prévia autorização.
Desenvolvido e mantido por: Softvideo produções