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Itapira, 05 de Julho de 2025
Notícia
25/02/2016 | Baianas e entidades negras criticam nome Acarajé em operação da PF

As operações da Polícia Federal, além da repercussão pela investigação e prisões, ganham fama também por conta dos nomes inusitados. Dessa vez, a 23ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Acarajé, gerou revolta entre os movimentos negros da Bahia e as baianas do acarajé.

Se para alguns o acarajé é apenas uma iguaria, para os adeptos do candomblé é uma comida ritual para a orixá Iansã.

?Não é simplesmente vender acarajé. Tem um ritual, a hierarquia da família, a história do acarajé. Porque todas as baianas do acarajé são filhas de Iansã, porque ninguém trabalha com o acarajé a toa?, explicou a baiana Dulcimari de Jesus.

De acordo com a Polícia Federal, o nome foi escolhido em alusão ao termo utilizado por alguns investigados dessa fase para nominar o dinheiro em espécie envolvido no esquema de corrupção. A coordenadora da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM), Rita Santos, considerou a a associação do termo a um assunto negativo uma ofensa à tradição religiosa.

?Foi difícil de ver a associação de uma oferenda de um orixá a um grupo de ladrões. Não vai ter impacto na hora de a baiana vender, mas vai haver [impacto] no mundo todo, porque sempre que se falar em acarajé, as pessoas vão ligar uma coisa à outra?, avaliou.

Nota de repúdio

A organização não governamental Coletivo Entidades Negras publicou nota de repúdio contra o uso do nome acarajé para a operação, que prendeu pessoas suspeitas pagamento de propina esta semana, entre elas o publicitário João Santana, responsável por campanhas eleitorais do PT.

Na nota, a organização alega que ?nada justifica a escolha deste nome para a operação? e pondera que o acarajé ?é alimento sagrado para as pessoas que, em todos o país, cultuam os orixás?. A entidade diz que a escolha da PF demonstra ?total desrespeito religioso a um elemento sagrado do candomblé, desrespeitando toda a tradição e história da religião no Brasil?.

A entidade ingressou no Ministério Público com um pedido de mudança no nome da operação.

?Estamos fazendo o diálogo com o Ministério Público, para essa mudança no nome [da operação da PF], por compreender o nosso valor histórico, por compreender o valor da mulher e a ligação com o acarajé que, para a gente, é uma iguaria muito importante, também. Mas, sobretudo, retrata a resistência das mulheres negras?, explicou o diretor do Coletivo Entidades Negras, Adailton Borges.

Além de oferenda aos orixás, o acarajé era comercializado, no período colonial do Brasil, pelas chamadas escravas de ganho ou negras libertas, como forma de sobrevivência, após a abolição da escravatura.

 

*Com a colaboração da TV Educadora da Bahia (TVE)

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-02/baianas-e-entidades-negras-criticam-nome-acaraje-em-operacao-da-pf

Fonte: Agência Brasil

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