Os poderes constituídos tiveram breves faniquitos como reflexos, coincidentes ou não, do barulho das ruas de junho. No Judiciário, mandaram prender deputados comprovadamente corruptos. No Congresso Nacional, enterraram a Proposta de Emenda Constitucional 37 que esvaziava o Ministério Público.
No Executivo, diversas e sequenciais desonerações redundaram em menores tarifas de transporte coletivo. Já os cinco pactos propostos pelo Palácio do Planalto sobre responsabilidade fiscal, reforma política, mais recursos para saúde, transporte e educação estão em desalinho. Para a área de educação, o governo pediu aos governadores e à base aliada apoio para o projeto que destina 100% dos royalties da exploração do petróleo para a educação, em tramitação no Congresso. Afora as medidas de desoneração do setor de transporte de passageiros, a ideia de consulta popular para resolver a reforma política já foi para o espaço.
Na área da saúde, a Medida Provisória 621, que cria o programa Mais Médicos, redundou em mais mobilizações contrárias do que favoráveis, além do boicote e repúdio explícito dos profissionais do setor. Segurança e educação seguem também ponteando as preocupações dos brasileiros, mas para somente 38% dos cidadãos consultados. Na questão dos royalties para a educação, o Projeto de Lei 323, de 2007, ficou para este segundo semestre. Com o passar dos dias, a “agenda dos Poderes” vai se distanciando da “agenda das ruas” ou “da sociedade”, como preferem alguns. Não se sabe se as massas ordeiras ou nem tanto voltarão às manifestações, reiterando suas bandeiras. Com exceção do ministro do STF Joaquim Barbosa, os governantes, parlamentares e magistrados seguem distantes do povo. Ah, isto seguem!