De tanto buscar espaço, os mandantes do clássico criaram uma surpresa fatal. Aos 12 minutos, Emerson encontrou o lateral direito Alessandro quase na linha de fundo pela esquerda. O camisa 2 jogou na pequena área e nem adiantou Léo salvar na linha do gol. A constante rotação já tinha deixado livre também Liedson, que dominou o rebote e colocou nas redes.
Tite respirou fundo com o gol e logo ordenou aos seus comandados que dessem, ao menos, um passo para trás. O Santos estava confuso, obrigando Neymar a transitar entre as intermediárias para fazer a função de meia, já que Henrique e Ibson não conseguiam nem organizar a saída de bola. O Peixe tinha volume, mas não criatividade, e parava em Julio Cesar, autor de defesas complicadas no primeiro tempo.
Posicionado no contra-ataque, o Corinthians tinha Emerson solto para confundir a marcação e Willian sempre pronto para receber a bola e driblando Léo como queria. Assim, só não ampliou no primeiro tempo porque encontrou Rafael. O Timão ainda contava com um Liedson nada satisfeito em ser só referência. O camisa 9 saia da área, vencia seus marcadores e chegou a acertar o travessão.
Sem alternativas, Muricy inverteu Henrique e Ibson, deixando a saída de bola para o ex-jogador do Flamengo. O problema é que os ataques sempre paravam em Henrique, que errava passes demais. Falhou tanto que foi esquecido pelo Corinthians. Sorte do Santos, já que, aos 37 minutos, o volante ficou sem marcação na área após cobrança de escanteio e empatou o clássico.
Irritado com a própria falha, o Timão só conseguiu responder ao gol no primeiro tempo em cobrança de falta cobrada por Alex. O Peixe, por sua vez, soube se aproveitar não só do placar igualado, mas dos minutos de conversa nos vestiários para, enfim, ter uma organização na chegada ao ataque.
Ibson voltou para o segundo tempo mais acordado para ser o homem a carregar a bola ao ataque, deixando que Neymar fizesse só o que sabe: importunar os defensores adversários. O camisa 11 santista soube executar tão bem suas qualidades que seu time entrava na área do Timão como queria.
Mais recuado, Alan Kardec passava a encarar sempre de frente seu marcador ou, em velocidade, não tinha ninguém à frente. Assim, só não marcou aos seis minutos, nas costas de Ramon, porque Julio Cesar executou um milagre com os pés. O caminho para colocar a bola nas redes, porém, estava claro.
Perdido, o Corinthians deu duas oportunidades seguidas ao Santos no mesmo lance, sempre no setor de Ramon. Na primeira, Julio Cesar salvou o gol de Neymar. Na segunda, Alan Kardec cruzou para Borges, livrar, selar a virada aos nove minutos do segundo tempo.
O Timão que, antes do jogo ouviu sua torcida dizer que o "bicho" ia pegar se não vencesse, se sentiu pressionado. Tite corrigiu sua defesa trocando Ramon por Welder e abriu mão de Willian e Ralf para renovar a criação ofensiva com as entradas de Jorge Henrique e Danilo. Partiu para cima, ignorando espaços ampliados para o rival contra-atacar.
O técnico corintiano, que mais uma vez ouviu com frequência os gritos de "burro", ainda pôde comemorar a expulsão de Henrique, que cometeu duas faltas duras na etapa final e recebeu o cartão vermelho aos 21 minutos do segundo tempo. Em campo, porém, nem parecia que havia alguma equipe com um a menos.
Diante do desespero de um Corinthians que deixa de ser líder, triunfou um Santos mais tranquilo e envolvente. O gol de Alan Kardec, aos 35 minutos, aproveitando falha de Paulinho, desacostumado a atuar na cabeça de área, e desvio de Chicão contra as próprias redes, só confirmou o quadro. Com "terror" prometido pela torcida corintiana.
Para completar a péssima tarde de domingo no Corinthians, Alex caiu no gramado, desmaiado, após choque na intermediária defensiva do Santos. A situação causou apreensão até nos adversários e o meia, já acordado, saiu de campo na ambulância. Uma das últimas cenas de um clássico a ser esquecido pelo Timão.
CORINTHIANS 1 X 3 SANTOS
Local: Estádio Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 18 de setembro de 2011, domingo
Horário: 16 horas (horário de Brasília)
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (Fifa-SP)
Assistentes: Herman Brumel Vani e Rogério Pablos Zanardo (ambos de SP)
Público: 34.308 pagantes (total de 37.315)
Renda: R$ 1.178.406,00
Cartões amarelos: Ralf (Corinthians); Henrique (Santos)
Cartão vermelho: Henrique (Santos)
Gols: CORINTHIANS: Liedson, aos 12 minutos do primeiro tempo; SANTOS: Henrique, aos 37 minutos do primeiro tempo; Borges, aos 9, e Alan Kardec, aos 35 minutos do segundo tempo
CORINTHIANS: Julio Cesar; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Ramon (Welder); Ralf (Danilo), Paulinho e Alex; Willian (Jorge Henrique), Emerson e Liedson. Técnico: Tite
SANTOS: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo; Adriano, Henrique e Ibson (Pará); Alan Kardec, Borges (Felipe Anderson) e Neymar (Bruno Rodrigo). Técnico: Muricy Ramalho
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