A semana proporcionou uma noticia desalentadora para a maioria do povo brasileiro. O Supremo Tribunal Federal concedeu liberdade condicional a nove empreiteiros que foram presos pela Polícia Federal por suspeita de participação na operação Lava Jato. Todos deverão usar tornozeleiras para o cumprimento da prisão domiciliar. A decisão do STF foi entendida como uma derrota do juiz Sergio Moro, que está atuando nos casos da Lava Jato.
A insatisfação da população ao tomar conhecimento da soltura ganhou as rodas de conversas reais e as redes sociais. O inconformismo se deu por considerar que a prisão domiciliar é como se eles tivessem ganhado a liberdade. O desejo coletivo era de que eles “apodrecessem nas masmorras”.
A intenção dos inconformados é mais do que justa, quem comete crime deve ir para a cadeia. Mas é nessa hora que aparece um grande problema de ordem moral, social e cultural para todos nós brasileiros. Será que nós queremos que todos os que comentem crimes, de qualquer natureza, devem ir para a cadeia e lá permanecer até a apuração da culpabilidade? E se entre essas pessoas estiverem nossos filhos, nossos irmãos, nossos pais? Será que diante de uma infelicidade, mesmo sendo eles culpados, desejaríamos a prisão rígida e criticaríamos a justiça em caso de soltura?
No Brasil é regra, rico não vai preso ou não fica muito tempo trancafiado. Só pobre mofa na prisão. A justiça não deveria cobrir todos com os mesmos direitos?
O fato é que ao não aceitarmos que as punições devidas atinjam a todos em igualdade de condição reflete na legislação que abre subterfúgios para evitar a supressão da liberdade e estabelece caminhos que apenas os bons advogados, pagos a peso de ouro, sabem trilhar. A lei deve ser igual a todos. Aquela que protege o motorista embriagado que mata pessoas inocentes no trânsito é a mesma que facilita a vida dos que roubam dinheiro público. Eis o nosso desafio para o futuro.