O grande assunto do momento na cidade de Itapira é a dança dos partidos. De uma hora para outra, muda-se a comissão provisória, passa-se das mãos de uns para outras, totalmente, antagônicas.
O vilão da história, pelos comentários em alguns órgãos de imprensa e do grupo situacionista, é o deputado Barros Munhoz. Curiosos em saber mais sobre essas histórias, o PCI foi direto à bica da fonte, ligou para o gabinete do presidente da ALESP. Sandro Pio atendeu e falou com o portal.
NM – Sandro, eu queria conversar com o deputado Barros Munhoz sobre as danças e as andanças dos partidos em Itapira. É possível?
SP – Nino, a agenda do presidente está atribulada, com freqüentes reuniões de bancada, mesa diretora, colégio de líderes e compromissos externos, posso ajudar?
NM – Imagino que sim. A cada dia vem notícias sobre o reposicionamento dos partidos políticos da cidade. Fala-se que Munhoz está por trás dessa movimentação. Eu queria saber dele ou de você, que deve estar a par dos assuntos envolvendo o deputado, o que está acontecendo com os partidos de Itapira?
SP – O que eu vou dizer pode parecer uma avaliação pessoal. Mas não é! Essa situação da movimentação dos partidos em Itapira é o reflexo da frustração com a atual administração municipal. Essa administração que dia a dia vem se esfacelando. É notória a grande decepção da população que, na busca de mudança, acreditou nesse grupo e viu toda a confiança nele depositada ser desprezada. O que estamos assistindo é o começo de uma grande revolução política que o povo, buscando outros caminhos, pretende fazer. Da mesma forma os políticos da cidade e as direções municipal e estadual dos partidos também.
NM – Mas Sandro, há uma movimentação do deputado com relação a essas mudanças?
SP – Olha Nino, não é segredo pra ninguém que o deputado tem uma grande preocupação com Itapira. Ele já disse em várias entrevistas que está buscando sangue novo para a política itapirense que, somados a antigos, porém bons companheiros, ajudará nessa revolução política que o povo de nossa cidade pretende fazer. Tem procurado conciliar a grande carga horária de trabalho que tem como Presidente da Assembleia Paulista e nos finais de semana tem recebido em seu escritório de Itapira cerca de 30 a 40 pessoas. Novos valores são convidados a ingressarem na política, mas também tem os que o procuram para colaborarem na convergência a favor da nova mudança.
NM – E o fato dos partidos que compunham a base aliada municipal estar migrando para o lado dele?
SP – Não estamos tomando o partido de ninguém. O que está acontecendo é conseqüência da situação que lhe falei. Para bem administrar uma cidade é preciso trabalhar em equipe. Não houve reciprocidade da atual administração tanto com a população que nela depositou sua confiança quanto com os políticos e os partidos que a apoiava. Nunca ouviram ninguém, usaram os partidos somente em benefício próprio e agora estão pagando o preço por isso.
NM – Eu gostaria de entrar nos casos mais específicos. Por exemplo, por que perderam o PSC?
SP – Veja. Em 2008, o PSC apoiou Toninho Bellini e sua chapa de candidatos a Vereador contabilizou 1.812 votos. Mas estava coligado ao PT. Não fosse o PSC, Sonia Recchia não seria eleita, ela recebeu 507 votos, 4 votos a mais que o candidato a vereador mais votado pelo PSC – Paulo Sergio de Souza, o Neco. Já na eleição de 2010 o candidato a Deputado Estadual Said Mourad, apoiado pelo PSC de Itapira, recebeu apenas 120 votos na cidade. Me responda, o que o PSC poderá esperar desse grupo?
NM – Achei que você não ia falar tão especificamente, então me diga, e o PR?
SP – O PR apoiou Toninho Bellini, em 2008, coligado ao PSB. O presidente do partido, Alexandre Rodrigues, candidato a vereador obteve inexpressivos 169 votos. E na eleição de 2010 qual foi o trabalho da direção municipal a qualquer candidato do partido? Não vale dizer que foi pro Tiririca.
NM – Tá legal! E o PMDB, foi e voltou, o que aconteceu?
SP – Veja bem, até 2004 o partido tinha David Moro Filho e Dirceu de Oliveira dentre outros conceituados membros à frente e sempre esteve muito bem representado politicamente em Itapira. Na Câmara Municipal chegou a eleger seis vereadores numa mesma legislatura. Fez prefeito municipal e em 1994 lançou um candidato itapirense a deputado estadual obtendo mais de 12.000 votos. Depois disso, com outro dirigente no comando da executiva municipal, eleição após eleição, o partido diminuiu sua representatividade na cidade, Você acha que um partido importante como o PMDB quer ocupar uma posição menor no cenário político de uma cidade como Itapira?
NM – E você acha que o PMDB de Itapira voltará aos bons tempos?
SP – E por que não. Com o retorno de David Moro Filho e Dirceu de Oliveira à frente do PMDB, as direções, Estadual e Federal do partido, sonham vê-lo novamente colaborando com o desenvolvimento da cidade.
NM – Vou arriscar um peso pesado. E o PSB?
SP – Acompanha o meu raciocínio. Um partido político espera que seus filiados lutem por suas candidaturas, mas espera também que trabalhem pelo partido, para todos os companheiros. A partir de 2004 o partido, presidido por Mino Nicolai, trabalhou pra quem? Quem foi beneficiado com a estrutura partidária? Naquele ano, o PSB apoiou Toninho Bellini e fez dois Vereadores, um o próprio Mino Nicolai.
NM – Mas não seria normal um resultado como esse?
SP – O que você me diz de 2006? Mino foi candidato a Deputado Estadual pelo partido. Obteve 4.818 votos na cidade e o candidato a Federal que ele apoiou, Cesar Calegari, recebeu apenas 147. Naquela mesma eleição Flávio Pavinatto, que logo depois deixou o PSB, também foi candidato a Deputado Estadual. Obteve 2.109 votos em Itapira e trabalhou para a eleição de Luiza Erundina, deputada federal, conseguindo, para ela, 351 votos. É bom lembrar, só para comparar, que naquele ano Barros Munhoz para Deputado Estadual obteve 20.812 votos de Itapira e os dois candidatos a câmara federal apoiados pelo grupo dele chegaram perto dos 12.000 votos.
NM – Pelas suas contas, enquanto Munhoz, sozinho, carregou mais de cinquenta por cento aos dois apoiados, os dois do PSB não transferiram nem dez por cento. É isso que conta nessas horas?
SP – Entretanto de forma diferenciada. Pavinato transferiu para sua candidata mais de 16% de seus votos. Já Nicolai, apenas 3%. É claro que isso também conta nessas horas. A estrutura partidária depende dos municípios para sobreviver. Eles não montam um partido, proliferam para todos os cantos, só para que os candidatos locais se beneficiem. Novamente, em 2008, o partido continuou apoiando Toninho Bellini e fez dois vereadores. Um deles, de novo, o próprio Mino Nicolai. O outro, pressionado com uma possível expulsão, deixou o partido. Em 2010, o candidato a deputado federal do PSB que Mino Nicolai apoiou, Jonas Donizete, recebeu apenas 257 votos de Itapira. Na mesma eleição para deputado estadual Barros Munhoz obteve 28.014 e os três candidatos a deputado federal apoiados por seu grupo perto de 17.000. Ricardo Montoro cerca de 11.000, Guilherme Campos mais de 3.500 e Arnaldo Faria de Sá cerca de 2.500. Qual é o conceito que qualquer partido teria dessa situação? Quem ficaria mantendo um relacionamento político com o grupo que hoje administra a cidade?
NM – Você quer dizer que essa história, que o Mino nega, de perder o PSB é certa?
SP - Pelo que eu sei um grupo de filiados do PSB de Itapira, tendo à frente um político com alguns mandatos de vereador e expulso do partido pela direção que o administra desde 2004, pretende tomar a frente da agremiação e a ela dar novos rumos.
NM – Já que falamos de todos. O PV vai pelo mesmo caminho?
SP – Eu não tenho nenhuma informação a respeito do PV. Mas há outros partidos nos procurando com o intuito de engrossar a revolução política que está acontecendo e creio que as mudanças não deverão terminar em 30 de setembro, prazo final para filiação de quem pretende ser candidato nas próximas eleições.
NM – Muito obrigado, pelas informações. O PCI espera ser sempre atendido por vocês, para que possamos garantir aos nossos internautas qualidade na informação e, por favor, transmita ao deputado as nossas cordiais saudações.
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Itapira, 02 de Maio de 2024
26/08/2011 | ENTREVISTA: Sandro Pio
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