Joamir e Mauro Pompeu durante conversa com imprensa
Na quarta-feira, 01, o Grupo Virgolino de Oliveira recebeu veículos de comunicação da cidade para fornecer detalhes de sua estratégia para superar um dos momentos mais delicados e de maior dificuldade de sua história. Na semana passada, num movimento que apanhou muita gente de surpresa e que gerou, inclusive, uma saia justa com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação, a empresa convocou por iniciativa própria a maior parte dos trabalhadores que desde novembro do ano passado estavam em estado de greve devido a falta de pagamento de salários e encargos trabalhistas.
Ofereceu a eles uma proposta para pagamento dos salários atuais assegurando que a Justiça do Trabalho já dispõe de todos elementos necessários para quitação dos débitos anteriores. A maioria dos colaboradores acabou dando um voto de confiança a empresa.
O executivo Joamir Alves, 60 anos de idade e a mais de 20 atuando no setor sucroenergético, foi convidado no início do ano pela empresária e principal acionista do Grupo VO, Carmem Ruette de Oliveira para presidir a corporação. Ele recebeu jornalistas em companhia de Marcos Roberto dos Santos, gerente de custos, e de Mauro Pompeu, gerente da unidade de Itapira, quando forneceu detalhes da estratégia de recuperação dos negócios.
Em linhas gerais, informou que o processo de recuperação exige pressa e agilidade. O início oficial da safra, que até cerca de 30 dias atrás estava praticamente descartado para este ano, vai acontecer ao mesmo tempo nas quatro unidades do grupo: Itapira, Ariranha, Monções e José Bonifácio.
Em Itapira ficou acertada a data de 02 de maio, quando, provavelmente, a empresária deverá manter a tradição de convidar amigos, familiares e autoridades diversas para uma missa de ação de graças. O grupo todo deverá moer algo em torno de oito milhões de toneladas de cana, sendo que deste total cerca de 20% serão processados na usina local.
A título de comparação, em anos de vacas gordas, o processamento total atingia cerca de 11 milhões de toneladas . Os trabalhos no atual momento focalizam o processo de manutenção do setor industrial e também dos canaviais. “Precisamos realizar em 40 dias aquilo que deveríamos, em situação normal, completar em 90 dias”, comparou.
Alves fez um apanhado sobre as dificuldades que o Grupo VO enfrentou e que conduziram à situação desconfortável no ano passado, lembrando que o setor realizou pesados investimentos a partir de 2005 acreditando nas promessas do governo de que o Etanol teria tratamento prioritário na matriz energética do país e o que se verificou em seguida foi exatamente o contrário. “O grupo VO também realizou pesados investimentos, adquiriu duas novas usinas e a exemplo de todo setor, veio posteriormente a sentir as enormes dificuldades decorrentes das mudanças de orientação dentro do governo”, acrescentou.
Para equacionar as diversas pendências como por exemplo com arrendatários de terra e fornecedores, a empresa tem um plano que prevê a entrada de recursos durante a fase de maturação da safra. Uma das estratégias adotadas foi a solicitação de desligamento temporário, por dois anos, dos quadros da Coopersucar, para que a empresa tenha maior agilidade e facilidade para negociar com o mercado e desta forma levantar os recursos que necessita para alavancar seu plano de recuperação.
Em meio a um turbilhão de problemas, pelo menos uma boa notícia foi ventilada durante o encontro com os jornalistas. “Tivemos nesse começo de ano uma boa ocorrência de chuvas o que vai nos permitir uma boa produtividade”, disse o executivo. Outro ponto que considera relevante diz respeito ao processo de reestruturação administrativo planejada de forma a reduzir custos e aumentar a competitividade.
Colaboradores
Alves falou sobre os problemas trabalhistas enfrentados pelo grupo e garantiu que nenhum colaborador ficará sem receber os atrasados. Mencionou que a Justiça do Trabalho de Catanduva já tem tudo encaminhado para que seja concluído o processo de venda da Fazenda São José das Borboletas que deverá canalizar algo em torno de R$ 80 milhões, mais do que suficientes para quitar todos os débitos trabalhistas, segundo seu raciocínio.
Está em curso um processo de substituição dos trabalhadores que pediram desligamento. Mauro Pompeu informou que pelo menos 100 vagas estão sendo novamente preenchidas. A expectativa é de que com o acréscimo dos trabalhadores da área agrícola, 1,3 mil pessoas estarão empregadas durante a fase mais aguda da safra.
A respeito das divergências com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação, o executivo mostrou-se bastante diplomático. Em sua opinião, as circunstâncias determinaram a estratégia de convocação dos trabalhadores de uma maneira bastante rápida, acrescentando que respeita totalmente a posição do sindicato e que enxerga um papel muito importante exercido por suas lideranças para a consecução dos projetos da empresa, reforçando sua opinião de que em momento algum a empresa atuou deliberadamente de forma a deixar de lado o sindicato no entendimento mantido com o quadro de colaboradores. Aproveitou para reiterar que todos os débitos pendentes serão solucionados.
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