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Itapira, 17 de Agosto de 2025
Notícia
06/12/2011 | Já que falamos em candidatos!

 

 

É um senso bastante comum que os políticos eleitos para os diversos cargos são nossos representantes. Eles representam o povo e devem cumprir sua missão de forma responsável em vista do bem comum. Esta perspectiva de entendimento da política reflete o pensamento dos clássicos da antiguidade, como Platão e Aristóteles, remete aos mestres liberais da formação da sociedade pelo contrato, como Hobbes, Locke e Rousseau. Não há espaço aqui para retomarmos as teorias políticas destes nobres representantes. Penso que poderíamos refletir sobre a questão do representante.

            Devo, para começo de conversa, discordar da minha própria ideia, ou melhor, dizer que ela é extremamente conservadora e idealista, que colabora pouco ou nada com a transformação social, pois reproduz a ideologia do sujeito salvador da pátria que a teoria da representação pressupõe. Repito: trata-se de um problema discutir a dinâmica da representatividade como paradigma da política e notícia alvissareira para qualquer eleição. Ou seja, estou questionando o pressuposto muito difundido em nossa teoria política de que os males da nação só podem ser resolvidos por alguém de ilibada moral, um agregador da sociedade, que consiga efetivar o máximo de coesão social, para recordar aqui as ideias de Durkheim na sua ótica de funcionalidade societal.

            Com certeza o representante não é um fantoche. Todavia, ele não representa o povo, pois o Estado, estrutura política, está entrecortado por interesses conflitantes e contraditórios que não permitem que sua ação seja linear em relação a quem o elegeu, se é que podemos dizer que a própria eleição já não estaria totalmente contaminada pela lógica financeira e econômica das campanhas eleitorais. Todavia este é outro assunto. O problema é que nosso pressuposto está equivocado: o representante, estruturalmente, não representa a nação, mas é um suporte para um sistema político e jurídico, o Aparelho de Estado, que representa os interesses das classes dominantes. Basta ver os recursos do orçamento federal (que necessariamente se reproduz nos estados e municípios com a devida consideração do tamanho das verbas) e sua destinação para os interesses do capital. O orçamento federal de 2010 destinou quase 50% de seus recursos para os interesses privados dos capitais financeiros (http://rudaricci.blogspot.com/2011/08/orcamento-federal-2010.html). Quero aprofundar tal questão mais a frente e inclusive debater seus efeitos sobre a politização e participação (apática) na vida política no capitalismo atual.

            Feita esta consideração sobre a subordinação metodológica do representante à questão da estrutura política e jurídica do Estado (uma questão marxista, como podem perceber), voltemos ao representante.

 

(continua......... não percam... opinem.....)

Fonte: Fávio Mazetto

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8 comentários
06/12/2011 04:12:51 | Usuário Anônimo
Concordo. mas a tese da representação é sua. e ela é a essencia da participação popular. ou não é?
06/12/2011 03:12:07 | Usuário Anônimo
Representação popular pode existir sem qualquer representatividade, vide movimentos sociais.
06/12/2011 03:12:33 | Usuário Anônimo
É no ato de se apresentar, como representante, que a sociedade extrai do seu seio.
06/12/2011 03:12:16 | Usuário Anônimo
Sim, mas o assunto é representatividade. que nada mais é do que a essencia da participação popular.
06/12/2011 02:12:28 | Usuário Anônimo
"se eleito": veja mais reflexões. estou falando em participação popular e não somente de eleições.
06/12/2011 12:12:20 | Usuário Anônimo
Podemos discordar da forma, não da representatividade.
06/12/2011 12:12:58 | Usuário Anônimo
Penso que os erros de uma sociedade não podem pesar sobre aqueles que avoram representá-la.
06/12/2011 12:12:54 | Usuário Anônimo
Penso que é um equívoco dizer que o representante não represente o povo se dele sai o eleito.
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