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Notícia
15/03/2022 | Luiz Santos: Quaresma em tempos de pandemia e guerra

O tempo da quaresma é um forte chamado à conversão. Para os não crentes um chamado à obediência do Evangelho, a rendição à graça e radical transformação da vida. É um chamado ao abandono da vida em pecado e um caminhar na direção de Jesus para estar com Ele e conhecê-lo. Para os que já foram transformados em nova criatura e se despiram do homem velho com as suas obras más, a quaresma é um tempo de purificação, de uma busca mais radical e perfeita no seguimento de Jesus Cristo e um aprofundamento dos laços de amizade com Ele. A quaresma parece um tempo sombrio e os muitos desarranjos dos supersticiosos costumes dos católicos romanos, contribuíram para tal. Entretanto, a quaresma possui uma indizível alegria espiritual porque é um tempo em que o crente se dedica a ouvir com mais atenção e mais proveito os muitos convites graciosos de Jesus para n’Ele descansar, encontrar refrigério, restauração, perdão e paz. Esse é o terceiro ano em que nos preparemos para a Páscoa dentro de uma pandemia planetária. E agora, mais do que antes, vivemos a quaresma com os inúmeros efeitos colaterais da Covid-19, quer naqueles que contraíram a doença, quer naqueles que até aqui não sofreram o contágio. Os infindáveis dias de restrições, distanciamento social, privações de toda sorte, dificuldades financeiras, perda de renda e o luto quase que constante, tem se refletido em uma sociedade mais violenta, pessoas cada vez mais estressadas e com o ‘pavio’ cada vez mais curto. A cada 24 horas uma mulher é estuprada, a cada 10 minutos uma mulher sofre violência, o número de feminicídio aumenta exponencialmente. Também furtos, roubos, assaltos nos dão a impressão de que as forças de segurança não estão dando conta e a sensação de insegurança é geral. Não podemos deixar de mencionar os escândalos que têm varrido o mundo das religiões. Não há religião que possa confortavelmente acusar a outra de deslizes e casos escabrosos que envolvam os seus líderes. São pecados e crimes de toda a natureza sendo praticados ou disfarçados sob o manto do sagrado. A pandemia junto com atos heroicos de muitos e gestos de profunda humanidade de outros tantos, escancarou a depravação dos nossos corações e o nosso radical egoísmo. Para esses dias neuróticos, doentes, a quaresma é uma espécie de medicina espiritual, um tempo terapêutico que nos ajuda a buscar equilíbrio, a praticar as virtudes, a deixarmos de ser autocentrados para ‘outrocentrar’ os nossos interesses, purificados pela graça do exercício das disciplinas espirituais. A quaresma pode nos ajudar a romper com o nosso ego doentio e agora, centrados em Cristo mais perfeitamente, com largueza de coração buscar o bem do nosso semelhante. Como não bastasse esses dias pandêmicos, ainda vivemos sob o terror da guerra entre Rússia e Ucrânia. Essa crise no leste Europeu, que envolve o mundo todo, só revela a depravação e a dureza do coração do homem. Não existirá no fim das contas um lado vitorioso. Todos sairemos perdendo, as mulheres, as crianças, os idosos sofreram mais instantaneamente, mas todos perderemos muito, se não perdermos tudo em um eventual acidente ou ataque nuclear. A guerra que acontece nas trincheiras, com tanques pelas ruas, com caças bombardeando alvos civis e humanitários e com jovens desconhecidos que não se odeiam e mesmo assim se matam, acontece muito antes dentro dos corações sem Cristo. Aqui, outro apelo desse tempo quaresmal, deixar que Cristo reine soberano em cada coração para regular as paixões desordenadas, estabelecer a paz que desarma e desprograma a violência do coração influenciado pelo pecado e pelas insídias de Satanás. A oração fervorosa, a leitura orante e proveitosa das Escrituras, o jejum consagrado e as boas obras são meios eficacíssimos da graça para fazer do coração humano uma fonte de compaixão, bem-querência e paz. Aproveite esse tempo de forte temperatura espiritual, de práticas mais intensas de piedade e devoção, de uma maior consideração à luz das Escrituras da paixão e morte de Jesus Cristo, para se humanizar, para deixar-se sensibilizar pelas dores presentes no mundo, para se assemelhar mais ainda com Cristo e a sua mensagem de vida e vida abundante. A aproveite esse tempo quaresmal e deixe-se sofrer uma terapêutica ação do Espírito Santo para se tornar uma pessoa melhor, um pecador mais arrependido e um santo mais aperfeiçoado em Cristo. Para o bem da igreja e para a paz do mundo.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro Presbiteriano em Itapira.

Fonte: Luiz Santos

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