A desconfiança com relação ao futebol apresentado pela Seleção Brasileira ainda existe. Mas, fazendo coro ao pensamento da grande maioria dos brasileiros ligados em futebol, alguns itapirenses acreditam que a seleção nacional pode melhorar seu desempenho e chegar a uma eventual decisão do título.
É o caso do economista Pedro Ferreira, 61, que teve o privilégio de sentir de perto o frisson causado pela presença da Seleção neste mundial. Radicado em Brasília desde 1973 – onde fez carreira no Banco Central até se aposentar em 2010 – Ferreira contou que na segunda-feira, 23, a capital federal respirou futebol. Lamentando o fato de não ter conseguido comprar ingresso para este jogo, garantiu que pelo menos um jogo da Copa ele vai assistir no Estádio Nacional Mané Garrinha, onde, pouco mais de um ano atrás, assistiu a vitória do Brasil sobre o Japão por 3 a 0.
Bom de bola segundo relato de amigos de infância, Ferreira elogia o clima de Copa do Mundo e se diz satisfeito pela boa imagem que o país vai adquirindo no exterior por conta de uma organização até aqui, segundo ele, senão impecável, com bom padrão até para quem mora em países mais avançados. Ele defende mudanças na equipe brasileira, principalmente no setor de ataque. “Acho que o Jô poderia sair jogando no lugar do Fred”, sugeriu.
Paulo Roberto Oliveira, o Paulinho Teté, doutor em Educação Física, disse que tem acompanhado atentamente a maioria dos jogos da Copa e avalia que o nível técnico está acima da expectativa inicial. Disse que ficou surpreso com a eliminação de algumas das seleções mais tradicionais, exceção à campeã Espanha. “A derrota para o Brasil na Copa das Confederações já sinalizava que a equipe espanhola estava entrando numa fase de declínio técnico. A coisa desandou de vez agora”, analisou.
Abordando a competição sob o ângulo de sua especialidade, enxerga que muitas equipes chegaram ao mundial com atletas desgastados física e psicologicamente. “Muitos destes atletas de ponta estiveram envolvidos em decisões e é normal que chegassem em condições inadequadas para uma disputa tão aguardada”, opinou. Paulinho também não enxerga um futebol virtuoso no caso da Seleção Brasileira, mas acredita que a equipe tem potencial para avançar e faz um alerta. “É bom alguém ir pensando numa forma de parar o Messi”. Ele acha que a Argentina também vai longe, exatamente por causa de seu famoso craque.
O atual secretário de Esportes e Lazer, o professor de Educação Física Luiz Domingues , também acha que a competição vem superando as expectativas pessimistas e apesar de sinalizar uma certa cautela com o escrete nacional, acha que a equipe vai passar pelo Chile, se encorpar ainda mais e chegar à final. “Acho que a Seleção jogou o suficiente para passar bem pela primeira fase. Daqui em diante seria importante adquirir mais conjunto para não ficar dependendo de atuações individuais de seus jogadores”, arriscou.
Caserna
Quem também expressou sua opinião foi o general Tomás Miguel Miné, atual comandante da Academia Militar das Agulhas Negras, sediada na cidade fluminense de Resende. Ele contou que nos dias de jogos da Seleção toda a rotina da famosa academia militar se altera. “Em dias de jogos do Brasil, quando isso se torna possível, damos um jeito de fazer com que todo nosso efetivo possa assistir”, comentou. E não se trata de uma tarefa fácil, haja vista que a AMAN abriga cerca de 1.800 colaboradores. A maioria se reúne no Círculo Militar (espécie de clube interno). Muitos preferem ver os jogos em suas casas. “Daqui para frente entra aquela história da superstição. Se a pessoa assistiu num lugar e deu sorte, certamente vai repetir a programação”, acredita. Ele próprio disse que assistiu o último jogo do Brasil em casa. “Temos que ser otimistas, acho que o Brasil tem time para chegar a uma final”, aposta.
Miné falou sobre um tema que lhe é muito próximo, da contribuição das Forças Armadas para a segurança do evento. Disse que no caso do Exército, onde serve, tem se empenhado decisivamente, sem alarde, de forma discreta no esforço de segurança. “As unidades mais próximas aos eventos foram requisitadas para ajudar neste esforço e isto envolve uma grande mobilização e um trabalho conjugado de inteligência com outros organismos. Pode ter certeza de que estamos atentos a tudo o que está ocorrendo”, garantiu.
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