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Itapira, 15 de Julho de 2025
Notícia
25/03/2011 | Entrevista Especial: Barros Munhoz


Nino Marcati entrevistou o Presidente da ALESP, Deputado Barros Munhoz, sobre as matérias veiculadas pela grande imprensa paulista. Itapira é a origem das denúncias e o centro do turbilhão. Nela o deputado conseguiu quase setenta e cinco por cento dos votos nas últimas eleições. 

NM: Itapira já tinha conhecimento da maioria das denúncias à época das eleições. Mesmo assim lhe concedeu quase a maioria absoluta de votos. Os deputados estaduais, recentemente empossados, tiveram conhecimento das acusações contra você, via imprensa, na boca da eleição para a mesa. Mesmo assim lhe concedeu apoio de quase cem por cento e você foi reeleito presidente da casa. Pergunto-lhe: essa blindagem vem da cegueira não assumida dos votantes, da sensibilidade comparativa dos eleitores ou da sua capacidade em nadar sagrando sobre um rio povoado de piranhas?
BM: Eu atribuo esse apoio que tenho recebido das pessoas que me conhecem a história da minha vida. Eu sempre fui honesto, humilde, trabalhador e cumpridor dos meus deveres, quem me conhece sabe que eu sou assim e, portanto, ignora denúncias tão descabidas, tão despropositais e tão levianas como as que tenho sido alvo. Principalmente as pessoas que já sabem que são denúncias que estão aparecendo agora de forma requentada, que há sete anos vêm sendo formuladas.

NM: Sobre o vazamento das informações sigilosas.  De onde você acredita que partiram os vazamentos?
BM: Sem dúvida alguma de Itapira, dos meus adversários e do Ministério Públicos também, não sei dizer de qual ala do MP.

NM: Você vai acionar a justiça para reparar eventuais abusos ou os desgastes provocados na sua imagem?
BM: É um assunto para ser pensado futuramente.

NM: São evidentes algumas trapalhadas que foram relatadas no processo. Você atribui esses casos à certeza da impunidade pelo apoio popular que recebia ou à incompetência ou desmazelo dos seus auxiliares, se é que existiram?
BM: São aparentes trapalhadas, que se explicam em qualquer cidade do interior de São Paulo ou no interior do Brasil. São denúncias contraditórias, é um emaranhado que se armou deliberadamente para parecer trapalhadas, que na verdade não são. 

NM: Por falar em impunidade, seus inimigos locais, frequentemente, o acusam de se valer da impunidade legislativa. Até que ponto esse privilégio o poupa das ações judiciais?
BM: Absolutamente não me poupa. Tanto que estou sofrendo todos os processos que estou sofrendo.

NM:Ao que me consta, algumas denúncias não foram, ainda, aceitas pela justiça. Você classificaria os vazamentos para a grande imprensa como uma forma de pressionar os juízes a aceitá-los? Se isso aconteceu, poderia estar o MP preocupado com uma possível nulidade do seu trabalho?
BM: Na verdade, os processos são feitos para demorarem realmente, não são feitos para terminarem aqui.  O Ministério Público quando entrou com os processos sabia perfeitamente que o final deles é a minha inocência. Então é deliberada essa confusão, esse embaralhamento, esse número elevado de réus, isso tudo é feito para demorar mesmo. Enquanto eu não sou julgado e considerado inocente, eu posso sempre ser apontado como acusado, como réu; essa é, lamentavelmente, a intenção de quem propôs esses crimes. Não é que eu seja julgado, e sim que eu seja acusado.

NM: Quando você fala em motivação política do MP, você se baseia em quais circunstâncias ou é apenas percepção?        
BM: Quem viveu em Itapira no ano de 2004 sabe perfeitamente que o comitê do PV, o comitê da candidatura Toninho Bellini em Itapira era no gabinete de um promotor. Todo mundo sabe disso, foi um fato público e notório o comportamento desse promotor. Ele se engajou na luta política de Itapira, aliás, tanto se engajou que não só fez tudo o que fez contra mim, comandou o que outros promotores assinaram também, como depois, com a vitória do grupo político ao qual ele passou a pertencer, não fez mais nada quanto às barbaridades que a atual administração vem fazendo em Itapira.

NM: Você é acusado de participar do desvio de R$ 3,1 milhões dos cofres da Prefeitura de Itapira (SP). Qual é a posição atual desse processo?
BM: Esse processo é um dos que não foi aceito ainda. O promotor afirma que transitaram indevidamente pelas minhas contas R$ 933 mil em depósitos em dinheiro, o que é falso, rigorosamente mentiroso. Somam-se dois números, três números, para se chegar a esse valor. A ocorrência que ele aponta como irregular é de três contratos, que dá R$ 430 mil, e ele soma com outras coisas, com outras pessoas, que eu não tenho absolutamente nada a ver para chegar a R$ 3,1 milhões. Eu estou muito sereno, já administrei bilhões de reais sem nunca ter cometido qualquer irregularidade, e jamais cometeria com valores tão irrisórios como esses. 

NM: Como você vê o acesso da imprensa local e da Folha de São Paulo à parte sigilosa dessa ação?
BM: Criminosa. Eu acho que é uma participação criminosa, mas que mostra bem o que está sendo feito contra mim.

NM: Você conhecia a empresa Conservias ou os seus proprietários antes das licitações?
BM: Obviamente que não. Essa empresa participou com a documentação em ordem e é comum hoje alguma empresa que quer fazer uma obra que não tem documentação em ordem servi-se de uma que tenha documentação. O fundamental nisso é que a obra foi feita, o pagamento foi feito por medição e os preços eram justos. Isso que é importante.

NM: Quando você transferiu para os seus filhos a Empresa Italinda e a fazenda agregada, já existia algum processo em andamento que poderia por em risco esse patrimônio. Quais processos?
BM: Existia um processo do Clube de Campo Santa Fé que o valor era irrisório, não tinha nenhuma motivação. Eu passei a Empresa Italinda aos meus filhos, e disse isso inclusive na rádio, porque eu dilapidei na política o patrimônio que construí ao longo de mais 30 anos de trabalho. Eu tinha acabado de vender uma fazenda e para não ficar na situação de não deixar absolutamente nada para os meus filhos eu fiz essa transferência.

NM: O grande nó da situação atual parece originar-se na sua decisão de trazer a Estrela para Itapira, a qualquer preço. Hoje, pouco se fala dela. Valeu a pena todo o sacrifício, tanto seu como o da cidade?
BM: Valeu indiscutivelmente. Até porque a Estrela “puxou” a Nutron. Se a gente imaginar tudo o que foi feito; a Estrela deu no ano passado 1.200 empregos em Itapira e faturou mais de R$ 140 milhões na nossa cidade. Então, tudo isso possibilitou o aumento do ICMS de Itapira de R$ 14 milhões para R$ 35 milhões por ano. Valeu a pena sim.

NM: Segundo a Folha, o Tribunal de Contas contrariou os pareceres da área técnica e os alertas do MP que apontavam irregularidades nas licitações com a Conservias.  Você precisou apresentar ao Tribunal, algum estudo mais aprofundado para dirimir eventuais dúvidas?
BM: Os técnicos não entraram no mérito do problema, que é exatamente esse que eu já mencionei: as obras foram feitas e por preços corretos. O parecer final da instância mais elevada técnica do Tribunal de Contas foi favorável e os Conselheiros consideraram corretos os contratos.

NM: Outra questão que tem sido abordada pela grande imprensa é a acusação do MP pela implantação do Hotel Fazenda.  Você acha que esse projeto foi mal interpretado pela população e pela justiça? Você acredita na retomada das atividades do Hotel Fazenda da maneira como era ou imagina um novo modelo ou a idéia será sepultada, caso seu grupo retome o poder local?
BM: O Hotel Fazenda foi uma idéia fantástica, ele se inseria dentro do projeto de desenvolvimento de Itapira, que trouxe para a cidade mais de 20 indústrias novas e ajudou a constituição de mais de 20 indústrias locais. Ou seja, foram 56 empresas implantadas nesse período. A melhor frase sobre o Hotel Fazenda é do Presidente da Nutron mundial, da Provimi, que visitou a nossa cidade: “Parabéns pelo Hotel que é magnífico e parabéns pela idéia de integrar a comunidade empresarial da cidade em torno desse empreendimento”. Qualquer administração séria coloca o Hotel Fazenda em funcionamento dando lucro para o município.

NM: O PSDB de Minas Gerais elegeu essa semana um presidente condenado por improbidade administrativa. Em São Paulo você foi eleito presidente da Assembléia respondendo a acusação similar. O que está acontecendo com o PSDB? Estão seguros das inocências dos líderes em questão ou perderam o discurso ético propalado até o ano passado, tanto debatido e exigido por Serra e seguidores?
BM: Não está acontecendo absolutamente nada. O que está acontecendo é que há exageros do Ministério Público, em vários lugares de São Paulo e em vários lugares do país. A coisa mais fácil do mundo hoje é alguém sofrer acusações. O que está acontecendo de verdade é que cada vez menos gente séria quer ocupar cargos executivos nesse País, por causa desse exagero de ações. Se analisar a ação proposta contra o presidente do PSDB de Minas chega-se a conclusão que é ridiculamente grotesca.

NM: Antes das denuncias referenciadas em Itapira, a grande imprensa atacou os altos patrimônios dos deputados estaduais, cobrou a baixa produtividade, falou do recesso branco de carnaval etc.. Em todas elas você assumiu o papel de defensor. Pode-se dizer que isso prenunciava o que estava por vir.
BM: Pode ser.

NM: Você teve o apoio do PT na votação e no descarte da CPI que apuraria as denúncias. Esse namoro está firme ou acabou com a eleição da mesa?
BM: Não é namoro no meu entender, o que há é uma relação de muito respeito, uma relação democrática, nós divergimos politicamente, divergimos na grande maioria dos assuntos, mas temos o espírito publico de participar juntos da administração da Assembléia. A Mesa da Assembléia é composta por mim, presidente, deputado do PSDB, pelo deputado Rui Falcão do PT, da 1ª Secretaria, e pelo deputado Aldo Demarchi, do DEM, na 2ª Secretaria. Eu me honro de ter tido o apoio e a confiança do PT e não só dele, dos 14 partidos que votaram em mim, no total de 92 deputados.

NM: O governador Geraldo Alckmin e o secretário da Casa Civil, Sydnei Beraldo defenderam você das acusações e do tiroteio da grande imprensa. Você não acha que teve o dedo de tucanos enciumados nessa história?
BM: Eu não estou preocupado em saber isso. Todo mundo diz que tem fogo amigo nessa história. Eu não quero me deter nessa consideração. Eu estou preocupado em provar minha inocência. Fico muito satisfeito em ter o apoio do Governador Geraldo Alckmin, do Secretário Sidney Beraldo e de todos que me conhecem, não há uma pessoa que me conheça que tenha ficado em dúvida com essas acusações. Aliás, até porque, todas elas já eram conhecidas dos deputados aqui da Assembléia, por exemplo, isso já veio dossiê para cá há muito tempo, violando o segredo de justiça. O que houve agora foi uma exploração jornalística que não tinha havido até então.

NM: O ex-presidente José Sarney passou por um calvário parecido não faz muito tempo. Com o apoio de Lula e da blindagem proporcionada pelos senadores, Sarney saiu fortalecido do episódio. Você se vê na mesma trajetória?
BM: Não, a minha situação é completamente diferente da do Sarney. O Sarney foi acusado de vários atos irregulares no comando do Senado da República. Eu terminei o mandato de dois anos como Presidente da Assembleia e não tive um ato apontado como irregular nessa condição, fui Líder do Governo e também não tive um ato apontado como irregular. Aliás, presidi o escritório da Petrobrás em São Paulo, fui Secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado, Ministro da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária do Brasil, administrei mais de R$ 50 bilhões sem ter um processo. Toda a minha vida antes desses promotores chegarem em Itapira e depois desses promotores saírem de Itapira foi uma vida honesta, integra e respeitada. Todas essas acusações a mim se concentram no período de no máximo três anos.

NM: Certamente, a reeleição à presidência da ALESP foi o mote inspirador da grande imprensa e aguçou, quem sabe, o desejo dos seus inimigos de Itapira, os que você deve ter angariado na Assembléia e no próprio ninho dos tucanos inclinados em quebrar ou reduzir a sua escalada. Você teria sido candidato se imaginasse a extensão desse bombardeio?
BM: Eu tinha absoluta certeza que ele iria acontecer. Eu comentei isso com as pessoas que queriam que eu fosse candidato, meus queridos amigos Campos Machado, líder do PTB, Estevam Galvão, líder do DEM, Celso Giglio, líder do PSDB; meus queridos companheiros do PT, que em nome do partido conversaram comigo. Todos eles sabiam e eu sabia. Ainda assim eu entendi que era meu dever e minha obrigação não me atemorizar, não tinha nada a  temer, nada a esconder, ainda que sofresse o processo de linchamento que estou sofrendo. Eu entendo que estou cumprindo a minha missão e o meu dever, com a ajuda de Deus, de minha família, dos amigos e das pessoas que me conhecem.

NM: Quem entra na política sempre estará sujeito às cobranças, à fiscalização, às denuncias e às tentativas de mitigar o poder que a urna lhe outorga. Na sua idade e experiência você vê tranquilidade esse processo ou lhe é novidadeiro. Como você tem enfrentado o travesseiro, nesses dias?
BM: Com absoluta consciência de quem conhece esse processo. Já aconteceu no passado. O que eu lamento é que é cada vez mais comum isso estar acontecendo com políticos honestos, sérios e bem-intencionados. Isso sem dúvida alguma provoca um grande mal: o afastamento de pessoas de bem dos cargos executivos principalmente. Hoje, um prefeito honesto sai de uma administração com 10 ou 15 processos, um prefeito honesto e realizador sai com 25, 30 processos, e às vezes, um prefeito desonesto e corrupto sai só com meia dúzia. 

NM: Por ocasião da sua primeira passagem pelo governo do Estado, fui desafiado por um jornal local a escrever um artigo sobre você e acabou publicado num suplemento especial.  Naquela oportunidade eu o comparei à Fênix, o pássaro mitológico que morria e renascia das cinzas. Falei dos seus altos e baixos. Você acredita que vai levantar mais uma vez? Quantas vidas você ainda imagina ter?
BM: Agora não se trata de levantar. Naquela ocasião eu acho inclusive que seu artigo foi muito apropriado, eu tinha sido quase destruído pelas pessoas e Itapira já me dava como morto politicamente. E eu ressurgi das cinzas realmente. Fui subprefeito de Santo Amaro, fui brilhantemente eleito deputado estadual, acabei assumindo o cargo interinamente de Governador do Estado de São Paulo. Agora não. Não estou destruído, não estou morto politicamente, pelo contrário, estou muito forte, sou o segundo homem em importância na política no estado de SP, sou Presidente de um poder, o maior parlamento da América Latina. Tenho certeza que tudo isso se esclarecerá e que serei respeitado, como graças à Deus sempre fui, como um político honesto, trabalhador e bem-intencionado.

NM: Você gostaria de comentar algum assunto que não foi explorado nessa entrevista?
BM: Acho que todos foram abordados. Apenas uma colocação: não se destrói uma vida, com uma falsa acusação. Conseguiram engendrar durante dois anos uma acusação de que me teria beneficiado pessoalmente, que é totalmente falsa, irreal, desprovida de qualquer senso de realidade. Sem que eu jamais tivesse sido ouvido, com as práticas mais condenáveis e absurdas de elaboração de inquérito e de uma peça processual. Isso não tem força para destruir 35 anos de vida pública honesta, séria, sem mácula, principalmente ocupando os mais altos cargos do Município, do Estado e da União. Eu confio em Deus e na Justiça.

NM: Que mensagem você deixa para os vinte e oito mil eleitores que votaram em você na última eleição?
BM: Jamais decepcionarei os meus eleitores e jamais decepcionarei Itapira.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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