Ao todo, 228 pessoas, de 32 nacionalidades, morreram na tragédia durante o percurso Rio-Paris. A solicitação de audiência com Dilma foi formalizada nesta segunda-feira (18) pelo presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho.
Recém-chegado da França, Marinho afirmou que, em reunião semana passada com a Secretaria dos Transportes da França e o Escritório de Investigação e Análise (BEA), órgão responsável pelas buscas, a associação foi surpreendida com a notícia de que não poderia acompanhar o resgate em território brasileiro já que o caso corre sob segredo de Justiça. O navio Ile-de-Sein, pertencente à companhia Alcatel-Lucent, deixará o Cabo Verde em direção ao local do acidente nesta quinta-feira (21).
Segundo Marinho, até a reunião da semana passada, estava convencionado com o governo francês que as associações de familiares de vítimas brasileira, alemã e francesa acompanhariam o resgate em períodos alternados: cada uma aportaria sete dias no navio na observação dos trabalhos.
“Na última reunião com o ministro francês dos Transportes isso foi rejeitado. Vamos pedir à presidente Dilma que possa haver um observador brasileiro presente nesses trabalhos, os acompanhando, pois não apenas é um dever do Brasil nos defender, pois foram 58 brasileiros vitimados, como há um fator importante que não pode ser desmerecido: o governo francês é dono da Air France e da Air Bus”, afirmou Marinho.
Na última sexta (15), ele encaminhou ofício ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, pedindo isenção da França nas investigações. Para tal, defendia que as caixas-pretas da aeronave, uma vez localizadas, fossem encaminhadas para investigação nos Estados Unidos.
“Temos também a preocupação de que possam levar eventuais corpos resgatados para a França, e, para que não aconteçam ainda mais danos, o ideal é que se faça o trabalho no IML (Instituto Médico Legal) em Recife. Mas até as fotos dos corpos eles têm nos negado, sob pretexto de segredo judicial”, disse o representante das famílias brasileiras. “Precisamos que o governo brasileiro se posicione quanto a isso, sem contar que as famílias não foram indenizadas --e a Air France o foi pela perda de sua aeronave, quatro meses após o acidente-- e sequer tiveram acesso aos objetos de seus familiares”, citou.
Buscas
Na última segunda-feira (11), em nota, a Secretaria dos Transportes da França informou que a ênfase nos trabalhos de busca do voo AF 447 no oceano Atlântico seria dada ao resgate de destroços da aeronave. Posteriormente, à imprensa brasileira, o órgão admitiu que justificativa era a de que corpos ou restos mortais poderiam não suportar as ações de içamento e serem ainda mais prejudicados.
As buscas serão efetuadas com o auxílio de um robô-submarino operado remotamente, pertencente ao grupo norte-americano Phoenix International.
Amanhã (19), o Comando da Aeronáutica vai informar em coletiva na sede do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em Brasília, como será a participação do órgão nos trabalhos de investigação do acidente com o voo AF 447. Segundo a assessoria da Aeronáutica, as informações serão prestadas pelo coronel Luís Cláudio Lupoli, o qual “apresentará um panorama de como está sendo realizado o trabalho do Le Bureau d"Enquêtes et d"Analyses (BEA)” pouco antes de viajar para a França, onde acompanhará os trabalhos pelas buscas em alto-mar.
Para o representante das famílias, o acompanhamento do órgão de investigação é crucial na investigação. “Isso também será pedido à presidente na audiência solicitada; temos um inquérito criminal em curso desde 2009 e precisamos do apoio do Cenipa para que a Procuradoria da República em Recife faça a leitura de um relatório-denúncia”, finalizou Marinho.
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