09/06/2015 | Vanderlei de Lima: A ideologia de gênero ressurgeA ideologia de gênero, varrida do Plano Nacional de Educação (PNE), no ano passado, não descansa em paz como algumas pessoas menos avisadas possam pensar. Ao contrário, “diabólica” como é – para usar as palavras do Papa Francisco –, ela visa agora entrar na vida de nossas crianças e adolescentes não mais pela esfera federal, mas, sim, municipal: cada município fica responsável por implantar ou recusar esse sistema de idéias nefasto e antinatural em seu plano de ensino.
Importa, pois, relembrar que se isso se der em sua totalidade será a destruição do ser humano, conforme já apontamos em outras ocasiões, com a graça de Deus.
Com efeito, a tese mestra da ideologia de gênero é a seguinte: nós nascemos com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido. Em outras palavras, não existiria mais uma mulher ou um homem naturais. Ao contrário, o ser humano nasceria sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico, e seria constituído socialmente homem ou mulher.
Ora, em seu discurso de 21 de dezembro de 2012 à Cúria Romana, o Papa Bento XVI já lançava uma ampla advertência quanto ao uso do “termo ‘gênero’ como nova filosofia da sexualidade”. Dizia ele que “o homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1,27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza”.
O Papa Bento abordou a ideologia de gênero outra vez, um mês mais tarde, em 19 de janeiro de 2013, dizendo que “os Pastores da Igreja – a qual é ‘coluna e sustentáculo da verdade’ (1Tm 3,15) – têm o dever de alertar contra estas derivas tanto os fiéis católicos como qualquer pessoa de boa vontade e de razão reta”.
Vale a pena, a título de conclusão, notar três coisas na fala papal: a) a teoria de gênero é, no fundo, um grave pecado, pois visa subverter ou revolucionar, no pior sentido do termo, a ordem natural criada por Deus. É um brado de total revolta contra o Criador; b) O Papa usa o vocábulo dualidade, ou seja, duas realidades distintas (homem e mulher) que se complementam harmoniosamente, mas não se opõem. Isso já seria dualismo; c) Pede aos Bispos que não deixem de alertar o povo católico e demais pessoas de boa vontade sobre a maldade da ideologia de gênero que vem tentando se implantar em nossa sociedade, particularmente por meio do sistema de ensino.
Ao fiel católico leigo – demais cristãos e pessoas de boa vontade em geral – cabe colocar em alerta os mais próximos e, sobretudo, perguntar aos políticos profissionais que conhece (especialmente aos vereadores) qual é a postura deles sobre a ideologia de gênero. Se disserem que estão desinformados, indique-lhes o livro Ideologia de gênero: o neototalitarismo e a morte da família, de Jorge Scala (Katechesis/Artpress, 2011), ou, mais fácil, o artigo Reflexões sobre a ideologia de gênero, do Cardeal Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, publicado no site da CNBB, em 28/03/14, a fim de que esses representantes do povo se posicionem ante a subversão dos planos do Criador. Afinal, diante de Deus, todos somos responsáveis – em maior ou menor grau – pela delicadíssima questão em foco.
Vanderlei de Lima é filósofo e escritor
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