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19/08/2015 | Vanderlei de Lima: São Bernardo de Claraval e Nossa Senhora

 No dia 20 de agosto, celebramos a memória de São Bernardo de Claraval que nasceu em 1090, perto de Dijon, na França, e recebeu em casa educação católica piedosa, de modo que, após os estudos, decidiu fazer-se monge cisterciense (nome originário da região de Cister na França, onde surgiu essa Ordem).

Eleito abade (superior religioso) de Claraval, peregrinou por grande parte da Europa defendendo os interesses da Igreja e do povo em geral, destacando-se pela pregação e escrita de grandes obras de conteúdo teológico e piedoso. Neste artigo, pretendemos apresentar brevemente aspectos da sua devoção a Nossa Senhora.

Sim, pois se quem fala do filho lembra a mãe e vice-versa, conforme um dito popular, na vida de Nosso Senhor não foi diferente; a Virgem Maria, embora sempre escondida e meditativa no Evangelho (cf. Lc 2,51), é figura central na vida de Cristo, acompanhando o seu filho do nascimento em Belém à morte de cruz.

Para bem realçar isso que afirmamos, transcrevemos a catequese do Papa Bento XVI, de 21 de outubro de 2009. Aí ele diz que no “célebre sermão do domingo dentro da oitava da Assunção, o santo abade [Bernardo – nota nossa] descreveu em termos apaixonados a íntima participação de Maria no sacrifício redentor do seu Filho: ‘Ó santa Mãe – exclama –, verdadeiramente uma espada transpassou tua alma! (...) Até tal ponto a violência da dor transpassou tua alma, que com razão podemos te chamar mais que mártir, porque em ti a participação na paixão do Filho superou muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio’ (14: PL 183,437-438)”.

“Bernardo não hesita: ‘per Mariam ad Iesum’: através de Maria somos conduzidos a Jesus. Ele confirma com clareza a subordinação de Maria a Jesus, segundo os fundamentos da mariologia tradicional. Mas o corpo do Sermão documenta também o lugar privilegiado da Virgem na economia da salvação, dada a sua particularíssima participação como Mãe (compassio: sofrer com, cum + passio, passionis, no Latim – nota nossa.) no sacrifício do Filho. Não por acaso, um século e meio depois da morte de Bernardo, Dante Alighieri, no último canto da ‘Divina Comédia’, colocará nos lábios do Doutor melífluo a sublime oração a Maria: ‘Virgem Mãe, filha do teu Filho / humilde e mais alta criatura / término fixo do eterno conselho...’ (Paraíso 33, vv. 1ss.).”

“Estas reflexões, características de um enamorado de Jesus e de Maria, como São Bernardo, provocam ainda hoje, de forma saudável, não somente os teólogos, mas todos os crentes. Às vezes, se pretende resolver as questões fundamentais sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo com as únicas forças da razão. São Bernardo, ao contrário, solidamente fundado na Bíblia e nos Padres da Igreja, recorda-nos que sem uma profunda fé em Deus, alimentada pela oração e pela contemplação, por uma relação íntima com o Senhor, nossas reflexões sobre os mistérios divinos correm o risco de ser um vão exercício intelectual e perdem sua credibilidade. A teologia reenvia à ‘ciência dos santos’ a sua intuição dos mistérios do Deus vivo, a sua sabedoria, dom do Espírito Santo, que são pontos de referência do pensamento teológico.”

“Junto a Bernardo de Claraval, também nós devemos reconhecer que o homem busca melhor e encontra mais facilmente Deus ‘com a oração que com a discussão’. No final, a figura mais verdadeira do teólogo continua sendo a do apóstolo João, que apoiou sua cabeça no coração do Mestre.”

“Eu gostaria de concluir estas reflexões sobre São Bernardo com as invocações a Maria, que lemos em sua bela homilia: ‘Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão dela, não negligencies os exemplos de sua vida. Seguindo-a, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nela, evitarás todo erro. Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim’ (Hom. II super ‘Missus est’, 17: PL 183, 70-71).”

Aprendamos com São Bernardo o que Maria nos ensina em relação a seu Filho Jesus: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

Vanderlei de Lima é filósofo e escritor

Fonte: Vanderlei de Lima

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