Não bastasse a boataria que há duas semanas atrás colocou em polvorosa a direção da Caixa Econômica Federal (CEF) e o Governo da Presidente Dilma Rouseff por causa de tumultos ocasionados por beneficiários do programa Bolsa Família, aqui em Itapira um outro programa federal bem sucedido também tem sido objeto de questionamentos, segundo apurou a reportagem de o Jornal A Cidade.
A ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde recebeu, conforme informou uma fonte que pediu anonimato, pelo menos três denúncias de que algumas farmácias que integram o programa ( que oferece algumas categorias de medicamentos gratuitos para a população) estariam cobrando espécie de “achego” para distribuir alguns medicamentos.
Proprietários de farmácia que trabalham com a Farmácia Popular ouvidos pela Cidade, manifestaram estranhamento com relação ao assunto. “ Sinceramente desconheço qualquer coisa neste sentido.Pelo menos no meu estabelecimento nunca tive qualquer tipo de questionamento. O que acontece eventualmente é uma pessoa chegar com uma receita e o medicamento prescrito não ser aquele incluído na relação dos gratuitos e sim na relação dos que tem subsídio de até 90%. A gente explica direitinho e as pessoas costumam entender”, relatou Márcia Ferreira, da Farmácia Aliança, que aderiu ao programa desde 2009.
Márcia conta ainda que se trata de um programa que tem uma fiscalização muito rigorosa e que isso por si só é um fator que inibe a ocorrência de fraudes, lembrando que recentemente em Mogi Guaçu a Polícia Federal descobriu irregularidades numa farmácia e agiu prontamente. “Exigimos a receita sem qualquer tipo de rasura, inclusive, pedimos colaboração da classe médica para que não esqueça de colocar o carimbo e também usar uma caligrafia legível. Além disso, tiramos fotocópia de todos documentos exigidos e anexamos no processo de prestação de contas. A escrituração tem que ser impecável”, defendeu.
Fabiano Furtado Pereira, da Farmácia Glicério também acredita em mal – entendido. “Aquelas pessoas mais simples as vezes mostram mais dificuldade em entender a questão da gratuidade, restrita a alguns medicamentos para diabéticos e portadores de hipertensão. Quando a receita indica outros medicamentos previstos na relação da Farmácia Popular, mas que recebem subsídios, a confusão pode aumentar na medida em que algumas marcas são mais caras do que outras.Como as farmácias possuem suas próprias estratégias de mercado, é natural que comprem medicamentos de laboratórios diferentes. Em alguns casos a diferença entre um produto e outro é grande. Tenho um medicamento fabricado por determinado laboratório que custa em torno de 17 reais e recebe cerca de 13 reais de subsídio.Resultado: sai por cerca de R$ 4,00 para quem traz a receita do serviço de saúde. Mas se o paciente exigir uma outra marca para este mesmo medicamento, pode pagar até duas vezes o valor original. Isto às vezes acontece e causa confusão para o paciente”, explicou.
A Glicério foi a primeira farmácia da cidade a aderir ao programa. Tanto Fabiano, quanto Márcia defendem sua eficácia. “ É um programa de grande alcance social e estamos felizes com seus resultados”, disse Fabiano. Márcia acrescenta que a procura tem crescido tanto que destinou um espaço nas prateleiras de sua farmácia somente para facilitar o atendimento das pessoas que procuram por estes medicamentos. “É um programa que tem feito bem aos brasileiros, principalmente àqueles de menor renda”, disse.
Márcia, da Farmácia Aliança, criou até setor de atendimento para medicamentos da Farmácia Popular
Fabiano e a equipe da Glicério: algumas marcas são mais em conta do que outras