O promotor de Justiça Carlos César Marques Luz, 48, natural de Sorocaba-SP, está radicado no vizinho estado mineiro desde 92, quando prestou concurso para ingresso na carreira do Ministério Público e passou em primeiro lugar. Alguns anos depois prestou o mesmo concurso, só que no seu estado de origem. Também foi aprovado, mas, preferiu seguir a carreira em Minas Gerais.
A partir de 99 decidiu se estabelecer na cidade de Jacutinga, onde atua até hoje. Nesta semana ele recebeu a reportagem do jornal A Cidade em seu gabinete para falar de um tema bastante sensível, sua visão de que a colaboração que historicamente tem ocorrido entre efetivos policiais de Jacutinga e Itapira deveria servir de modelo para uma cooperação mais ampla também envolvendo o Ministério Público de Estados vizinhos. “Ao longo destes anos todos tenho notado como tem produzido resultados bastante satisfatórios no combate à criminalidade uma cooperação entre efetivos de segurança de Jacutinga e Itapira, que embora não seja um procedimento padrão que muita gente defende que seria necessário ser adotado em todo o país, poderia perfeitamente ser estudado para ocorrer de uma forma mais incisiva também no âmbito do Ministério Público. Uma informação de um processo que eu eventualmente tenha conduzido, pode ser da maior valia para um colega de São Paulo quando se envolve pessoas que praticaram delito criminal em um outro Estado da Federação”, sugere ao defender o compartilhamento de informações.
Ele sinaliza que esta sua constatação advém da observação de que existe uma migração de criminosos de Itapira para a vizinha cidade mineira, principalmente com relação ao tráfico de entorpecentes, visualizando que a organização criminosa conhecida como PCC está expandindo seus tentáculos para o Sul de Minas Gerais via integrantes recrutados em Itapira. “Ações policiais realizadas na fronteira por equipes mineiras e paulistas têm detectado com mais precisão esse tipo de movimentação.Bandidos daqui estão indo para Itapira e vice-versa”, especificou.
O resultado mais visível deste tipo de “intercâmbio” tem se refletido, segundo Luz, nos índices de criminalidade observados em uma cidade cuja população é estimada em torno de 23 mil habitantes. “Tem havido um aumento no número de ocorrência que varia dos pequenos delitos a ações mais ousadas. Isto tudo, evidentemente, está relacionado ao tráfico de entorpecentes”, defendeu.
Porosidade
O promotor avalia ainda que a situação geográfica favorece imensamente o tráfico na divisa entre Itapira e Jacutinga. “Por mais boa vontade que os efetivos de segurança tenham com relação à fiscalização que tem sido rotineira e com colaboração da polícia mineira e da paulista, existem diversas rotas de fuga pela zona rural. Sem um planejamento mais efetivo , sem um trabalho de inteligência adequado, corremos o risco de enxugar gelo”, advertiu. Esta porosidade fronteiriça segundo ele serve até mesmo de estímulo para o trânsito de criminosos. “ Um criminoso quando se vê muito assediado pelo policiamento em sua cidade de origem, tende a imaginar formas de se estabelecer num outro local onde será menos visado. Isso vem ocorrendo com muita frequência na ligação entre Jacutinga e Itapira, temos observado”, concluiu.
Carlos Luz milita no Ministério Público de Jacutinga desde 99
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