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Itapira, 29 de Abril de 2024
Notícia
16/11/2013 | Falta de solidariedade e preconceito abortam temporariamente projeto do Instituto Samaritano de Proteção Social.

Estava tudo pronto para que o Instituto Samaritano de Proteção Social sediado na Rua João Batista Rocha, no bairro Della Rocha I, continuasse, a partir de segunda-feira, 18, o “Abrigo Provisório” desativado pela Prefeitura Municipal na última quinta-feira, 15.

O abrigo foi instalado pela prefeitura em caráter emergencial com duração prevista para 30 dias. Diante da proposta do Instituto Samaritano (que já vinha desenvolvendo atividades de apoio espiritual, capacitação profissional e apoio ao contato com a família, fornecimento de alimentação e higiene pessoal) de acolher os moradores de rua segundo as regras do instituto, a Secretaria de Promoção Social manteve o atendimento do Abrigo até o último dia 15 para que o Samaritano se organizasse em relação às adequações físicas, atividades propostas e grupo de voluntarios, bem como preparasse os moradores do bairro, como partícipes indiretos dessa grande obra de caridade humana.

O Samaritano que trabalha em parceria com a Promoção Social e o Creas (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) vinha oferecendo atividades, almoço e banho aos moradores de rua em sua sede, no Della Rocha, a mais de um ano.

O novo modelo de as­sistência, previsto para iniciar nesta segunda, passaria a atender 12 pessoas, sendo 10 vagas fixas, mas que não poderiam ser ocupadas pela mesma pessoa por mais do que três meses, e duas para as situações emergenciais.  A programação das atividades, além da alimentação, higiene e pouso, contemplava o desenvolvimento de ativi­dades educativas e culturais, atendimento psicossocial e religioso, atividades físicas, reintegração à família e ca­pacitação para o mercado de trabalho, além da exigên­cia de que os beneficiados frequentassem diariamente o CapsAD (Centro de Assis­tência Psicossocial – Álcool e Drogas ‘Raineri Baiocchi) - (Vide Manual do Samaritano).

A seleção dos moradores seria feito median­te acordo com os próprios beneficiários. “Temos um cadastro completo de cada um deles e sabemos quem é quem. Nós iremos até eles e buscaremos um acordo. Os que se comprometerem a se esforçar para sair da situação de rua, conseguir um emprego e voltar para a família terão vaga no novo abrigo”, esclareceu.  O subsídio do município para o Instituto Samaritano seria repassado por meio de convênio entre as duas partes e a verba já está prevista no orçamento de 2014.

Samaritano suspende temporariamente as atividades do Instituto.

Na última quinta-feira, o Samaritano reuniu os moradores do Della Rocha I para fornecer todas as informações a respeito da acolhida dos moradores de rua e esmiuçar o projeto como um todo, pois considera a participação da comunidade fundamental para aumentar o índice de sucesso do trabalho.

Surpreendentemente, alguns moradores, menos preocupados com o entendimento do projeto, mais com o próprio umbigo, mostraram a face mais perversa da condição humana, o preconceito. Para alguns moradores, o abrigo não atrairia pessoas vivendo à margem da condição humana, carentes de atenção como cidadãos pertencentes à sociedade que integramos, mas bandidos irrecuperáveis que levariam intranquilidade e insegurança para o bairro, como se todo esforço do poder público e do Samaritano se esvaísse para o fracasso irremediável.

Entretanto, a postura dos moradores do Della Rocha I não deve ser generalizada. Alguns moradores procuraram a Secretária de Promoção Social e pediram desculpas pelo acontecimento dando a entender que a ação era centrada em uma minoria barulhenta, dando apoio para que o projeto fosse em frente. No entanto, o Samaritano entendeu que o clima favorável à realização do trabalho foi prejudicado e que a melhor solução era suspender as atividades, para que nenhum beneficiado sofresse qualquer tipo de constrangimento, e buscar outras soluções.

Paulo Anacleto, presidente do instituto, divulgou neste sábado um comunicado com as seguintes informações:

1) Temporariamente, as atividades envolvendo alimentação, higiene e lavanderia para a População em Situação de Rua serão transferidas para as dependências da Igreja Presbiteriana Central de Itapira, de 2º às 6º feiras, das 12 h 30 min às 15 h.

2) As atividades do Bazar Beneficente, incluindo o Bazar Semanal Permanente, continuarão acontecendo na sede atual do Samaritano, no bairro Della Rocha I.

3) O projeto com o pernoite será postergado até a identificação de um local mais apropriado.

4) Todos os que queiram participar como Voluntários serão muito bem vindos.

Paulo Anacleto complementou dizendo que não era o albergue provisório da Prefeitura que seria transferido para o Samaritano, pois se trata de trabalhos diferentes. Diferentemente do albergue provisório da prefeitura que foi criado para recolher os moradores por conta do frio intenso, o Samaritano tem critérios, regras e objetivos próprios. Mas reconhece que o grupo aprendeu muito com o trabalho da Prefeitura, que permitiu melhorar as regras de funcionamento no Samaritano. Finalizou, avaliando, que por não entender essa importante diferença é que parte da população do bairro imaginou que era o albergue, tal qual funcionava provisoriamente, o que seria transferido para o Dela Rocha I, tornando-se assim o estopim do movimento do bairro.

O prefeito Paganini foi informado oficialmente da decisão do Samaritano na manhã deste sábado, 16. Lamentou o fato de que por um período, por conta deste revés, os moradores de rua deixarão de ser atendidos, mas apoia a decisão do instituto, respeita a triste decisão dos moradores contrários do Della Rocha I e garantiu que o projeto não foi e nem será abortado. “O Samaritano está buscando outro local e a Prefeitura continuará parceira. Não vamos nos prostrar diante das dificuldades, principalmente aquelas que atingem os pobres e excluídos em suas necessidades imediatas.”

 

A secretária Eliana Sobreiro comentou que a reunião transcorreu quase em clima de guerra, apesar da solidariedade de uma parte dos participantes, outras pessoas usaram argumentos terríveis, até desumanos, contra uma proposta que não forneceria apenas alimentação e um lugar para dormir, mas a reintegração do indivíduo na sociedade e na família. “Essa situação estragou meu feriado, meu final de semana, e, certamente, ficará na minha memória até que seja encontrada uma solução.”

Fotos: Samaritano
Fonte: Da Redação do PCI

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