Funcionamento diferenciado do comércio encontra resistência dos trabalhadores
Ao tomar conhecimento do teor do resultado de pesquisa divulgada há cerca de 30 dias pela Associação Comercial e Empresarial (ACEI) sobre a opinião do público em geral sobre qual seria o melhor horário para o funcionamento do comércio, a reação do Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Itapira e Região, Josué Rezende, foi de reflexão. Rezende entendeu que pelos resultados, a pesquisa demonstrou que a questão está longe de um consenso. “Não existe a predominância de uma opinião em contrataste com as demais. Isso prova que o assunto é muito complexo”, comentou.
O principal empecilho, segundo o dirigente, diz respeito aos trabalhadores que estudam no período noturno. “Como proibir um trabalhador de adquirir conhecimento, de querer prosperar na vida”, questiona. Será ele mais o Sindicato Patronal que vão discutir esta questão a partir de agosto próximo.
No seio dos comerciários o assunto também é motivo de intensos debates. Emanuele Robles, que trabalha há nove anos na Moysés Tecidos, é bastante específica sobre o tema. Ela faz curso técnico de informática durante a noite. “Nós comerciários já temos uma rotina de trabalho cansativa, que se prolonga até no sábado. A verdade é que não dá para comparar Itapira com cidades de grande porte. A realidade aqui é diferente. Quando necessário, monta-se esquema especial de atendimento e isso tem funcionado. Não vejo com bons olhos esta questão de querer mudar a jornada”, defendeu.
Larissa Chariel Correa, funcionária da Loja Sase, é estudante de Recursos Humanos no IESI. Ela também refuta qualquer tipo de obrigatoriedade de trabalho noturna mas acredita que existem formas de se adequar a questão em casos específicos. Ela disse que a experiência que teve atuando num supermercado da cidade revelou-se interessante para algumas pessoas que trabalhavam meio período no domingo e descansavam um dia inteiro durante a semana. “Tudo é uma questão de se adequar a necessidade dos estabelecimentos àquilo que for de interesse dos funcionários. Como existe quem não gosta nem de pensar em trabalhar no final de semana, existem os que gostam da opção. Vai de ser feito um entendimento, sem nada de imposição”, recomenda.
Franciele da Silva Luiz de Oliveira, há três anos trabalhando em Deborah Cosméticos, faz administração de empresas no IESI e também não gostaria de ter impedida esta sua opção por conta de conveniências em negociações entre sua categoria e a entidade patronal. Mas também acha que pode haver uma certa flexibilização, também desde que haja entendimento neste sentido.“Aqueles funcionários que não estudam, desde que tenham atrativos para ter uma jornada diferente da atual, como por exemplo, trabalhar parte do período noturno, poderiam integrar uma equipe para esta finalidade. Vai de se negociar”, opinou.
Josué Rezende: assunto é mais complexo do que aparenta ser
Franciele: negociações
Emanuele: carga horária já é prolongada
Larissa: livre arbítrio