Com a convicção de que o governo pretende vencer o movimento pelo cansaço, as lideranças dos professores da rede esta­dual, em greve desde 12 de março, traçaram ao longo desta semana estratégias para que não haja des­mobilização. Em Itapira, segundo avaliação feita pelo coordenador local e regional do Sindicato dos Professores em Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Nevile Damarino, a situação pouco mudou com relação a semana an­terior. “O movimento se mantém de pé por causa do número de adesões obtidas e principalmente pelo apoio que vem dos próprios estudantes e da comunidade”, comentou.

Damarino disse que entre as dificuldades en­contradas a principal delas diz respeito a necessidade de retorno à sala de aula que o professor efetivo possui após um período de ausência regulamentar. “Se ele não retorna, aca­ba sendo prejudicado em muitos de seus direitos”, explicou.

Na tentativa de angariar apoio popular, um grupo de aproximadamente 16 professores se revezou a partir do final da tarde de quarta-feira na Feira Notur­na realizada nas imediações do mercado municipal. A estratégia consistiu na en­trega de um folheto e uma abordagem mais direta com as pessoas. “As pessoas estão sendo bastante re­ceptivas. Além do enfoque em aspectos relacionados aos nossos ganhos, o que a gente observa que mais atrai a atenção das pessoas é saber o que ocorre na es­cola onde seus filhos estão matriculados. Aí a conver­sa se estende”, afirmou a professora de Geografia, Renata Bosso, efetivada na Escola Antonio Caio.

Seu colega André Luiz Augusto Avancini, que leciona História na Esco­la Cândido Moura, con­cluiu que a abordagem foi muito eficiente. “As pessoas param para ouvir, demonstram interesse e via de regra o assunto acaba se prolongando para outros temas ligados à governança. Impressiona a forma como a população se sente oprimida pelas diferentes esferas de go­verno”, avaliou.