Os diferentes estrategemas usados por pessoas que usam da boa fé das pessoas motorizadas em cruzamento com semáforos variam de tempos em tempos e alguns se prezam pela originalidade. É o caso do desocupado Ricardo Aparecido de Souza, de 34 anos. Ele tem sido figura assídua no cruzamento da Rio Branco com Saldanha Marinho, usando a praça João Sarkis Filho como ‘base operacional’.
Para sensibilizar motoristas, principalmente aquelas de sexo feminino, ele leva no colo o cachorro Azeitona. Em conversa com A Cidade, Souza contou que o fato de levar o cachorro no colo quando aborda motoristas, é uma questão de hábito. “ Ele ( o cachorro) vive colado em mim. Eu levo ele no colo porque senão ele vem atrás de mim em meio aos carros e aí você já viu o que acontece , né”, dissimulou. O que mais chama a atenção das pessoas é o boné que o rapaz coloca na cabeça do cachorro. “ Deu uma moeda por causa do cachorro, ele é muito fofinho”, contou uma motorista de um automóvel Palio, que se identificou como Débora.
Souza contou que recolheu Azeitona das ruas no começo de fevereiro, quando estava ‘trabalhando’ em Mogi Guaçu, sua cidade natal. Ele me viu na rua e passou a me acompanhar. Um dia , quando estava num cruzamento com ele, uma médica veterinária, que se chama Patrícia, me pediu para que eu fosse a seu consultório e lá deu uma geral, até vacina aplicou nele”, relatou.
Foi depois deste período que o rapaz veio perambular por estes lados. Primeiro foi até Lindóia, onde segundo ele vive sua mãe. Depois veio a Itapira. Souza disse que era ajudante de motorista e morava em Paulínia. Por conta de um desajuste familiar disse que começou a beber e não quis mais sair desta vida. “ O certo é que já está na hora de criar vergonha e sair desta vida”, reconheceu.
Amizade
Aqui em Itapira ele conheceu um rapaz que tem em comum com ele exatamente um histórico problemas com a bebida, Marcos Catarino Marques, 32 anos e que disse que mora com sua mãe no conjunto São Judas Tadeu. “ Ele e o cachorro são meus irmãos”, disse enquanto o colega se arriscava novamente entre a fila de carros. Ele disse que prefere pedir comida do que pedir dinheiro como faz Souza . “As pessoas criticam. Chamam a gente de vagal mas tem aqueles que dão uma forcinha. Também fico pensando em sair desta vida , mas a gente vai sempre adiando”, colocou. Já Souza disse que a maioria fala desaforos para ele , mas que enxerga isso com naturalidade. “ Levo tudo numa boa, se alguém me dá alguma coisa, agradeço de coração. Caso contrário, não desejo mal a ninguém”, encerrou.
Souza, Azeitona e Marques, tudo gente fina