É nesse curto período que a população retoma o hábito de frequentar aquela que já foi o ponto de encontro de famílias, início de relacionamentos e lugar preferido para o lazer, ao lado do Parque Juca Mulato. Três dias de agosto, durante a Festa Della Nonna, e outros 10 durante setembro, quando vive o agito da Festa de Nossa Senhora da Penha, padroeira da cidade. Fora desses dois períodos a principal praça da cidade retoma sua condição de esquecida e cai no ostracismo, sem movimento

à noite e, principalmente nos finais de semana. 

 

 

Mas, qual seria o principal motivo para esse esquecimento? A falta de locais como bares, lanchonetes, restaurantes, cinemas e clubes ao seu redor? Falta de segurança?

 

Já foi o tempo em que a praça Bernardino de Campos era o coração da cidade. Há muito que o local, considerado como ponto de referência em todos os aspectos, perdeu o movimento de pessoas, principalmente no período noturno.

 

Cercada de atrativos como bares, restaurantes, clubes e cinemas, a praça central da cidade sempre teve vida própria e era frequentada por famílias, grupos de jovens, casais de namorados ou por quem simplesmente buscava no movimento do local

uma forma de se divertir. Mas, nas últimas décadas, com a transformação que vem sofrendo, a principal praça da cidade já não é mais o local procurado para diversão. Seu movimento se resume ao ir e vir de pessoas no horário em que as agências bancárias estão em pleno funcionamento. À noite, com exceção dos períodos em que acontecem a Festa Della Nonna, no início de agosto, e a festa da padroeira, no início de setembro, o local fica deserto e sem vida.

 

Para a maioria das pessoas que viveram o período em que a praça tinha movimento o efeito causado pelo fechamento dos bares, restaurantes, cinemas e clubes é o principal fator para esse esquecimento imposto ao local.

 

 

“Sem o comércio ao seu redor a praça perdeu os atrativos”, acredita o empresário Roberto de Oliveira Júnior, proprietário do Magazine Pititi. “Sem um lugar onde possa sentar com a família ou amigos, a pessoa não tem como frequentar a praça”.

 

Rinaldo Brida, da BCQ Comunicação e Qualidade, recorda com saudade os tempos em que os clubes da cidade funcionavam de forma plena, atraindo os jovens como grandes eventos. 

 

“Sou daqueles saudosistas e acredito que faz falta aquele ponto movimentado como em minha época de juventude”, lembra. “Acho que para voltar a ser como era é muito difícil, pois envolve questões culturais que, em minha opinião, a atual geração não mais valoriza”. Brida vai mais além e arrisca até uma forma de revitalizar a praça, acreditando que exista uma saída para o local voltar a ter a rotatividade que merece. “Acho que tem saída sim, mas teria que ser algo feito pela iniciativa privada - com pontos tipo lanchonete, cinema, restaurantes, com eventos culturais voltados para todas as idades”, explica. 

 

 

“Claro que isso demandaria algo estrutural, tipo tendas ou coisas do tipo e nelas seriam oferecidas apresentações diversificadas como teatro, stand ups, exposições, entre outros. E, é claro, tudo com muita segurança e respeitando limites, pois existem moradias ao redor da praça e a lei do silêncio deve ser levada em conta, mas na verdade, o assunto requer mais tempo para um discussão, mas acho que valeria a pena”. Denir Parentoni, coordenadora da escola Anglo Vivência, que também frequentou os locais que hoje já não existem mais, acredita que a praça poderia voltar a ter movimento à noite a partir de simples reuniões de amigos. “Fiz algumas viagens este ano e vi, em muitos lugares, pessoas se reunindo em pontos como praças ou parques no final de tarde, depois do trabalho”, conta. “Cada um levando seu instrumento, além de comida e bebida e todos ficam cantando, bebendo, comendo, como uma espécia de piquenique”. Denir lembra também que essa prática, muito comum em países da Europa, pode ser implantada por aqui. “Se as pessoas tornarem isso um costume, com um grupo aqui, outro ali, de repente esses grupos vão aumentando e esses encontros podem se tornar habituais, devolvendo à praça o movimento de pessoas”, diz. “Poderíamos transformar a praça novamente em um ponto de encontro de amigos, famílias”.

 

 

Para o presidente da ACEI (Associação Comercial e Empresarial de Itapira), o empresário José Aparecido da Silva, revitalizar é o caminho para que a praça Bernardino de Campos retome sua condição de principal ponto da cidade. “Existe essa necessidade de se revitalizar o local, mas para isso é preciso que novos pontos como restaurantes, lanchonetes e cinema sejam implantados”, explica. “Sem um local para ir com a família ou os amigos, ninguém vai frequentar a praça”. Outro ponto destacado pelo presidente da ACEI é a questão dos locais onde poderiam funcionar estabelecimentos do gênero e que não estão sendo utilizados. “A praça principal da cidade precisa ter ao seu redor locais que atraiam a população, mas tenho visto que alguns pontos que são fechados não mais são utilizados ou mesmo passam a ser utilizados para outros fins”, explica. “Faço parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico do município e já solicitei a elaboração de uma lei que possa

evitar que pontos comerciais da cidade sejam literalmente fechados, pois isso, além de impedir a abertura de novos empreendimentos, inibe a criação de novos postos no mercado de trabalho”.

 

Segurança

 

Um dos pontos que chamam a atenção de quem já viu a praça Bernardino de  Campos em todo o seu explendor e hoje busca uma explicação para a escassez de atrativos e motivos para frequentar o local é a segurança.

 

Para a empresária Elaine Martin, proprietária da loja de calçados que leva seu nome, passear com a filha na praça principal da cidade só quando tiver a certeza de que o local oferece segurança.

 

“Não dá para passear na praça sem ter a certeza de que há segurança, o local necessita disso para que a população volte a frequentá-la”, frisa. “Como o local está deserto, principalmente no período noturno, fica difícil você aproveitar aquele espaço

sabendo que não é seguro”. 

 

Segundo Elaine, outro ponto primordial seria criar atrativos para atrair as pessoas. “Gostaria de levar minha filha para ver a fonte, mas como não há essa possibilidade mais, então deveriam pelo menos fazer com que a água no entorno do palco fosse iluminada para criar um efeito diferente”, opina. “Seria muito bom, pois pelo menos poderíamos ver as águas coloridas subindo como antigamente”.

 

 

Prefeito tem planos para revitalização do local

 

O prefeito José Natalino Paganini (PSDB) pretende dar à praça principal da cidade o tratamento que ela merece. Sua intenção é revitalizar o local e criar meios de atrair a população com eventos culturais.

 

“Cultivo o sonho de revitalizar a praça Bernardino de Campos desde quando era presidente da ACEI e agora, como prefeito, tenho mais condições de realizar esse sonho”, frisou o prefeito. “Minha intenção é fazer com que o local volte a ser o que era antes, com vida e movimento”.

 

Paganini explicou que a revitalização já foi iniciada com a reforma da Matriz de Nossa Senhora da Penha e que a praça também irá receber o tratamento que merece. “Tudo será feito e a reforma da igreja é o ponto de partida para as  mudanças ocorrerem no local”, informou. 

 

“Nossa intenção é revitalizar as duas partes da praça, tanto a superior como a inferior, oferecendo atrativos para a população com a criação de eventos culturais que possam atrair as pessoas sem agredir a beleza da praça”. Segundo o prefeito, com a revitalização da praça o comércio no entorno também deverá ser retomado. “Acredito que uma coisa tem a ver com a outra, pois com a volta do movimento o comércio também será reativado com a abertura de lanchonetes, restaurantes

e outras atividades”.

 

Ponto de ônibus 

 

Outro local que deverá receber atenção especial da administração municipal é o ponto de ônibus urbano, instalado há muitos anos ao lado da parte posterior da igreja. “Vamos estudar uma forma de mudar o local, oferecendo algo melhor para as pessoas e que possa também contribuir para que a praça ganhe novo aspecto”, revelou. “O local requer um estudo cuidadoso e é isso que já estamos fazendo”.

 

De acordo com o prefeito, a maioria da população faz uso do ônibus para se locomover. “O ônibus circular é utilizado por uma grande parte da população para se locomover até o centro da cidade e há a necessidade de melhoria”, frisou.