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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Notícia
15/02/2015 | Antigos carnavalescos não enxergam solução para evitar o fim do Carnaval

 

O cancelamento dos des­files de Carnaval deste ano, motivado pela grande quan­tidade de casos de dengue que assola a cidade, pode ser o início do fim de um ciclo iniciado na segunda metade do século passado. Apesar do cancelamento ter um propósito válido, a grande verdade é que o Carnaval de rua está com os dias contados há algum tempo.

Antigos carnavalescos acreditam ser muito difícil que o Carnaval itapiren­se volte a ser como antes. Para eles, são inúmeros os motivos que levam a esse pensamento.

Nome tradicional nos meios carnavalescos, Con­ceição Pavezi Dantas credita à falta de elementos a atual fase do Carnaval. Para ela os jovens de hoje não sabem o que é o verdadeiro Carna­val. “Eles não conhecem o verdadeiro Carnaval”, des­taca. “Acredito que não há salvação, pois não dá liga como antigamente”.

Para descrever a atual situação, Conceição recor­da de um fato ocorrido no ano passado e que reflete o atual estágio do Carnaval da cidade. “Quando terminou o Carnaval do ano passado o Gordo Moraes (Antonio Carlos Pereira de Moraes) deu uma entrevista na Rá­dio Clube afirmando que colocaria uma escola de grande porte na avenida este ano”, frisa. “Foi formado um grupo para organizar tudo e dele faziam parte, além do Gordo, a Kim Pavezi, a Ruth Moraes, o Sidnei e tudo foi decidido e organizado, mas nós tínhamos os chefes de grupo e não tínhamos os grupos, pois faltam elemen­tos dispostos a participar. A única ala que conseguimos de fato foi a das baianas”.

Conceição se mostra totalmente contrária ao processo normalmente uti­lizado, no qual as escolas dependem, praticamente, só da verba oferecida pela Prefeitura. “Sou totalmente contra, acredito que cada agremiação tenha que ter vida própria, pois do con­trário a dona da escola é a Prefeitura, que paga tudo”, critica. “Sem esse vício, acre­dito que tudo seria melhor”.

Outro nome de peso quando o assunto é Carnaval, João Adílson Ravetta, 72, carrega consigo nada menos que 12 títulos de campeão do Carnaval com a Unidos da Nove de Julho. Para ele dificilmente a cidade terá novamente os desfiles como antigamente. “A gente vai desanimando, vendo o apoio do poder público diminuir e não ter nem onde guardar as fantasias. Isso acaba com a vontade de participar”, explica. “Lembro que pra­ticamente tínhamos que mendigar um barracão para guardar carros alegóricos e fantasias, mas chegava a quarta-feira de Cinzas tínhamos que devolver o local e ficávamos sem um lugar adequado”.

Para ele, assim como para Conceição, o pessoal de hoje não mostra interesse. “Nin­guém tem mais aquela von­tade, aquela raça. Qualquer coisinha e já pedem dinheiro para desfilar”, revela. “Nós chegamos a sair, nos últimos anos, com mais de 1,2 mil integrantes”.

Ravetta, porém, entende que se for oferecida uma boa estrutura, com um local onde a escola possa se reunir, as coisas podem mudar. “A escola precisa ter seu lugar onde possa receber seus partici­pantes, onde a gente possa se organizar, conversar com todo mundo, desde as costureiras até passistas”, explica.

União

Por dois anos, José Anto­nio Job Fadul, 58, presidiu a comissão organizadora do carnaval itapirense. Com larga experiência no assunto, acredita que somente com a volta dos velhos carnavales­cos poderia ser encontrada uma solução. “Tudo teria que ser repensado a partir de agora, em conjunto com os antigos carnavalescos”, des­taca. “Teria que ser formada uma liga, com a presença dos antigos carnavalescos, para que eles pudessem passar aos mais novos a experiência”.

Fadul entende que em um primeiro instante deve­riam ser formadas duas ou três escolas, sem disputa, para que no ano seguinte tudo fosse reorganizado e valendo título. “Seria uma forma de mostrar o caminho e fazer retornar a adrenalina do Carnaval”, explica.

Para destacar a impor­tância de antigos carnava­lescos, Fadul enumerou alguns como Gordo Moraes, Fifo (Adolfo Santa Luccia Júnior), Jácomo Brioschi, Bujija (Pedro Bagini Filho), Luiz Hermano Colferai, Adilson Ravetta, Paulinho Manha, Paraná (João do Carmo Daniel), Conceição Pavezi Dantas, Kim Pavezi, Elza Tarraschi, entre outros. “São pessoas que devem ser ouvidas se o assunto for Carnaval”, finaliza.

Nouman Sabbagh viu de perto ascensão e queda do Carnaval
 
O comerciante Nouman Sabbagh está há quase meio século na cidade. Nesse perí­odo acompanhou a evolução do Carnaval e viveu bem de perto todos os momentos da festa popular.
 
Apaixonado por fotogra­fia, guarda em seu acervo fotos que registram os anos de ouro do Carnaval de rua. “Acompanho o Carnaval de Itapira desde quando a Nove de Julho era uma pequena escola e saía apenas para participar”, lembra. “Desde aquele tempo tomei gosto pela festa e fotografava tudo”.
 
Sabbagh recorda do perí­odo em que os desfiles pas­saram a ganhar corpo com o surgimento de novas escolas de samba e que disputavam o gosto das pessoas que lo­tavam as arquibancadas da Praça Bernardino de Campos e toda a extensão do trecho da José Bonifácio por onde pas­sava o cortejo carnavalesco. “Naquele tempo as pessoas disputavam os ingressos para as arquibancadas, muita gente vinha de outras cidades para ver os desfiles e também para os bailes carnavalescos dos clubes”, relembra. “Acredito que a partir da década de 80 o Carnaval de rua evoluiu e Itapira teve um dos melhores carnavais da região por um bom tempo”.
 
Sua participação no con­texto carnavalesco passou a ser evidente e Nouman Sab­bagh, por seu espírito alegre e por estar sempre presente, passou a ser procurado pelas pessoas diretamente ligadas aos desfiles. “Vinham pedir minha opinião sobre o desfile, as fantasias e fiz parte até do corpo de jurados em duas oportunidades, além de ser convidado por diversas vezes para integrar o júri que escolhia a rainha do Carnaval”, recorda. “Nos bailes dos clubes também tive uma participação e até ganhei troféus que guardo até hoje”.
 
QUEDA
 
Para o comerciante o fim do Carnaval tem muito a ver com a saída de muitas pessoas que gostavam de desfilar e que tinham poder aquisitivo. “Muitos deixaram de participar e também de ajudar financeiramente”, frisa. “Também acredito que deveria ter ocorrido uma mudança no pensamento de todos e as escolas teriam de deixar de depender exclusivamente do poder público para desfilar”.
 
Sabbagh entende que a festa popular, pelo menos por aqui, não tem mais salvação. “Os desfiles irão ocorrer, mas sem aquele entusiasmo de antigamente”, explica.
 
E, em tantos anos de par­ticipação, como jurado ou fotografando e registrando os melhores momentos da festa, Nouman Sabbagh guarda um fato que marcou o Carnaval. “Eu estava fotografando o desfile e a Conceição Pavezi era a porta bandeira e seu marido Antonio o mestre sala. Quando ela girou, o arranjo da cabeça caiu e ela, com presença de espírito, pegou ele no ar e continuou fazendo a evolução sem que ninguém percebesse o fato, apenas eu, que estava próximo, percebi”, conta.

Fonte: Da Redação do PCI

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