A famosa frase “mulher no volante, perigo constante” está cada vez mais fora do vocabulário, principalmente após as mulheres terem conquistado um espaço extremamente dominando pelos homens, como o de motoristas de caminhão.
Ver uma mulher ao volante de uma carreta ou de um veículo de carga não é novidade para muitos, mas também não se trata de um fato que passa despercebido, mesmo sabendo que elas estão a cada dia em maior número presente nas cabines dos caminhões transportando todo tipo de carga. Delicadeza, paciência e cuidado são alguns dos diferenciais apontados por quem as contrata. Diferente do que ainda pensa muita gente por aí, em relação ao "sexo frágil", elas têm demonstrado muita garra e capacidade para desempenhar, com eficiência, a função ocupada quase que totalmente por homens, sem esquecer o lado feminino.
É o exemplo da itapirense Tânia Graziella Rampim, 32 anos, motorista do caminhão coletor de lixo da Sanepav. Há aproximadamente 1,5 ano, Tânia vem desempenhando a função com êxito. Atualmente, ela é responsável pela coleta de toda a área rural da cidade e ainda cobre a férias de um colega.
À nossa reportagem, ela contou que a paixão pelo “grandões” é uma coisa de família. “Meu bisavô Osvaldo Rampim já era motorista de caminhão. Este gosto pelas carretas e máquinas pesadas passou para meu avô Osvaldo, meu pai Roberto e também pelo meu irmão Tadeu. Não tinha como fugir à regra, cresci nesse meio, com meu pai transportando areia e aos 16 anos já comecei a experimentar a boleia”, conta. Entre outras experiências, Tânia relata que já trabalhou na Usina Nossa Senhora Aparecida por seis meses, quando viajou fazendo entregas com um caminhão três quartos. “Mas o que eu gosto mesmo são das carretas, inclusive já tirei a carta E (especial para veículos pesados) e espero um dia dirigir uma Scania 112/113. Gosto do caminhão da Barbie (gíria dos motoristas para caminhões pequenos), mas eu quero mesmo as carretas”, completou.
Conversando com os colegas de profissão, fica fácil perceber que a vaidade com a aparência e as condições do veículo também são premissas. “Ela é muito cuidadosa, principalmente com o caminhão. Tem que estar tudo em ordem e limpo, sempre. Posso dizer que ela não deixa nada a desejar para os outros motoristas. Pelo contrário, tendo em vista que executa o mesmo serviço e ainda cuida melhor do veículo, posso garantir que as mulheres são melhores”, confidenciou o mecânico Lázaro Zacariotto, colega de empresa.
Outro que garante a qualidade do serviço é o encarregado Arnaldo de Carvalho Junior. “A Sanepav é uma empresa que prioriza o trabalho feminino, tanto de motorista quanto de coletor. Os direitos são iguais, assim como a responsabilidade. Mas é inegável que as mulheres são mais cuidadosas com a limpeza. E a Tânia não é diferente, é quase uma obsessão pela organização”, destaca.
Questionada se recebe muitas cantadas no dia-a-dia, Tânia não se fez de rogada e confessou: “Existe muito respeito entre nós da categoria, somos unidos mesmo. Mas na rua, não passa um dia em que eu não receba uma cantada. Apesar de existir muito machismo ainda, sempre ganho bombons e até ramalhete de flores já ganhei. Isto estimula mais, nos dá mais ânimo para trabalhar”, completou.
Atualmente, seu ídolo é o piloto de Fórmula Truck (corrida de caminhões), o campineiro Fred Marinelli.
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