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Itapira, 17 de Maio de 2024
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08/09/2012 | Setor de avicultura passa por momento crítico no município

Embora a maioria das pessoas reputem à atividade canavieira, cafeeira e pecuarista os pilares de sustentação da riqueza produzida em Itapira no meio rural, outro setor muito expressivo e que coloca a cidade em posição de destaque em toda nossa região – a criação de frango - vem passando por um processo de transformação.

O presidente do Sindicato Rural de Itapira, Gabriel de Mello Sartorelli, ele próprio um criador, avalia que são vários os fatores que estão conduzindo o setor a um processo de reformulação. Ele destacou, por exemplo, que a recente alta no preço de derivados da soja e do milho que estão encarecendo de uma forma avassaladora o preço da ração servida às aves e suínos para sua engorda, estão fazendo com que as chamadas ‘integradoras’ (empresas que oferecem aos criadores condições necessárias para o processo de engorda), repensem suas estratégias para amenizar eventuais prejuízos. Ele menciona que o intervalo entre a retirada de um lote de aves e a chegada dos pintinhos que normalmente demora não mais do que 15 dias vem sendo aumentado cada vez mais. “Sei de gente que ficou quase 45 dias sem ter aves para engorda. Isso acarreta prejuízos consideráveis principalmente para os pequenos criadores”, destacou. Sartorelli estima que Itapira produza atualmente cerca de dois milhões de aves num espaço médio de 60 dias.

Conforme a integradora, o espaço de tempo necessário para que o pintinho atinja cerca de 3 quilos de peso varia entre 40 a 45 dias. A remuneração é feita através de um cálculo que envolve muitas variáveis, mas acaba ficando entre 30 e 50 centavos por cabeça ao final do período.

Na Fazenda São Joaquim, uma das mais tradicionais na avicultura local, os problemas atuais também tem trazido preocupação segundo Miguel Guerreiro Torres.  Com capacidade para criar até 200 mil aves, a empresa é integrada da Seara. Torres fala que embora a Seara venha cumprindo rigorosamente o preço combinado, a remuneração deixou de ser atraente em função dos investimentos cada dia maiores que são exigidos na manutenção dos galpões. “Se você faz as contas na ponta do lápis vai observar que o investimento exigido não oferece condições de ser recuperado de forma integral”, avalia.

José Antonio Secolin, 49 anos, tomou nesta semana uma decisão mais radical: fechou sua granja. Há 15 anos no ramo, estava impaciente pelo fato da empresa integradora, a Rigor, não ter dado as caras nos últimos 50 dias para trazer uma nova remessa de pintinhos. “O representante chegou no começo desta semana e ao invés dos pintinhos me trouxe uma outra relação de exigências, que se cumpridas à risca vai fazer do galpão da granja um hotel cinco estrelas”, ironizou. Ele garante que a maior parte das exigências já foram cumpridas, consumindo investimentos de alguns milhares de reais. Na relação que mostrou para A Cidade, havia pedido para instalação de novos nebulizadores, ventiladores, aquecedores, climatizadores e até envelopamento de cortinas. “Se for colocar tudo o que estão pedindo tenho que tirar os pintos lá de dentro. Não cabe mais nada lá”, protestou. Sua capacidade de criação era de 50 mil aves.

Disse ter conhecimento de outros colegas que a exemplo dele decidiram partir para outra atividade. “Do jeito que estão fazendo só irão sobreviver os grandes criadores que tem muito dinheiro para realizar os investimentos exigidos”, acredita.

Gripe aviária

O criador Nicolau Lara de Campos Filho, da Granja Santana, comentou que recentemente trocou de integrador, deixando a Holambra e se associando à Doro. Ele também reclama das exigências cada vez mais rigorosas para a maioria dos criadores, mas faz uma observação. “Estas normas não são propriamente uma novidade. Desde que houve o último grande surto de gripe aviária em 2004, foram ampliadas as medidas sanitárias em todo o mundo para quem exerce esta atividade. O problema é que as integradoras não fizeram um planejamento no sentido de remunerar melhor seus parceiros para que estes tivessem condições ideais para realizar investimentos necessários. As medidas exigidas são necessárias e imprescindíveis, principalmente levando-se em conta que a maior parte destas aves será exportada. Mas do jeito que o processo foi conduzido, penaliza os pequenos criadores”, ensina.

São cada vez maiores as exigências para utilização de equipamentos que exigem muito investimento

Gabriel Sartorelli lembra ainda que foram do processo de integração “é impossível sobreviver no ramo”. Além dos cuidados fito sanitários que encarecem os meios de produção, revezes na atividade agrícola acabam influenciando o preço da alimentação das aves, como vem ocorrendo hoje em dia.

O cerealista Zoroastro Marcos Viola, de 63 anos, conta que o preço do farelo de soja que utiliza para a ração que vende para avicultores subiu no último mês 210%. O milho, outro produto que vem causando calafrios em criadores do país, teve um aumento menor, mais ainda sim causando enorme impacto no custo da alimentação de aves e suínos. A seca que devastou o meio oeste americano derrubando a produção de milho (os EUA são o maior produtor do mundo) vem causando, segundo ele, todas estas distorções no mercado. “Por algum tempo ainda vamos sentir os efeitos desta oscilação”, prevê.

Viola: preço dos cereais explodiram

Fonte: Da Redação do PCI

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