Na rua Cesar Bianchi, localizada no bairro Assad Alcici, chama a atenção dos mais desavisados uma ampla variedade de verduras, legumes e até frutas localizadas do lado de dentro de uma cerca que delimita a porção de um terreno que pertence ao município e que acabou tendo uma destinação bem mais nobre do que o matagal que tomava conta do local até cerca de 15 anos atrás, quando alguns moradores intuíram que no lugar do mato, seria melhor cultivar verduras.

O aposentado José Olímpio de Lima Filho, 64, é um destes moradores. Ex-metalúrgico, mostra com orgulho o terreno que pegou para cultivar. Com a ajuda do irmão Paulo de Lima e do colega Antonio Paulino, também aposentados, transformou o local numa autêntica horta onde são cultivadas variedades de verduras como alface, cheiro verde, couve, almeirão e até cerraia; legumes como pimentão e chuchu, e frutas como abacate, maracujá doce, mamão formosa, limão, acerola e amoras. Pelo tamanho das árvores frutíferas percebe-se que o trabalho vem de longo tempo.
Lima Filho conta que o maior orgulho é o fato de cultivar a horta somente com esterco e água, sem qualquer tipo de adubo artificial. “O sabor é outro. Quem experimenta sente a diferença”, orgulha-se. Em meio aos pés de verdura mostrava um monte de bagaço de cana que foi recolher na propriedade de um amigo. Com o tempo seco, ele usou o bagaço como forragem para que o solo retivesse a umidade.

Perguntados se vendem aquilo que cultivam, Lima Filho e o irmão Paulo garantem que não. “Nunca vendi um pé de alface”, jurou Lima Filho. Ele conta que distribui para quem pede. “Vizinhos, pessoas que fazem caminhada e vêem a horta e às vezes pessoas que ouviram falar do nosso trabalho costumam pedir algo. A gente serve com o maior prazer”, garantiu. Lima Filho disse ainda que investe dinheiro do próprio bolso para adquirir sementes e nestes tempos de estiagem aumentou muito sua conta de água porque diariamente aguava os canteiros. “Para mim é um prazer fazer isso. Melhor uma pescaria fracassada do que um dia de trabalho”, filosofou.
Pioneiro
Além da família Lima, pelo menos duas outras famílias têm seus ‘terrenos’ para cultivo. Um deles é o construtor civil Carlos Robertodos Santos, em cujo terreno planta algumas variedades diferentes do terreno vizinho dos Lima, como berinjela, jiló e algumas variedades de pimenta. Ao contrário dos vizinhos, seu terreno, embora também cercado fica aberto. “Se alguém chega e apanha algo eu não me incomodo. Só não admito vandalismo”, disse. Santos que mora na rua desde o lançamento do conjunto habitacional há cerca de 20 anos, disse que foi o primeiro a limpar o terreno e fazer a horta.
Tanto ele como os vizinhos da família Lima lembram que foi uma forma de acabar com o incômodo dos animais peçonhentos invadindo suas residências. “No começo isso era um matagal só. A gente vivia matando cobras dentro de casa”, disse Lima Filho. Santos arrematou dizendo que este tipo de atividade é ótima porque livra do stress.